Icó sedia primeiro Festival Tamarineiras

07/03/2020

A cidade de Icó, aqui na Região Centro-Sul cearense, sedia amanhã, domingo, 08, a primeira edição do Festival Tamarineiras, no Dia Internacional da Mulher. O evento é uma realização totalmente criada, produzida e apresentada por mulheres, do Coletivo Cultura no Largo. O evento promete ter uma vasta programação cultural com as mais diferentes vertentes e vai acontecer a partir das 14h, na Avenida Desembargador José Bastos, embaixo dos pés de tamarindo, em frente ao antigo casarão de Dona Glória Dias, bem vizinho ao Teatro da Ribeira dos Icós, no Largo do Theberge.

De acordo com a produção do evento, o local foi escolhido por ter sido palco das histórias de luta e resistência de Dona Glória Dias, mulher símbolo e protagonista da história de Icó. De acordo com Alexia Duarte, fotógrafa e produtora cultural, o objetivo é realmente valorizar e ter a mulher como foco em todas as ações do evento. A programação será inteira formada por mulheres, com as mais diferentes expressões artísticas, passando pela pintura, poesia; exposições; fotografias, performances, teatro, dança, além de música ao vivo, oficinas e rodas de conversas, entre outras atrações. “Mas é aberta ao público. Todas as pessoas podem participar, especialmente as mulheres”, comenta Alexia, afirmando que a proposta do Coletivo é levar de forma ainda mais profunda a figura da mulher mostrando que é dela também todos os espaços, inclusive na arte. “A ideia é que sejam mulheres profissionais ou amadoras, para que elas, cada uma com sua arte, seu trabalho, sua fala, possam também refletir sobre o fato da mulher e mostrar a falta de espaço para a gente exibir nosso trabalho artístico, principalmente em nossa região”.

Icó, sedia amanhã, domingo,08, a primeira edição do Festival Tamarineiras – FOTO DIVULGAÇÃO

Arte política

Para Patrícia Gomes, produtora do Tamarineiras e artista visual, é pouco o número de mulheres que consegue enfrentar um mundo considerado ainda machista. “Sabemos que a lógica toda funciona para beneficiar homens. As Tamarineiras é o espaço onde a arte poderá ser feita por mulheres e para mulheres, de uma forma consciente e, inevitavelmente, política”, destaca.

Para as artistas, o projeto visa também ser vitrine, abrir as portas para que as artistas possam mostrar seus trabalhos e ser também a descoberta e o incentivo para novos talentos escondidos. “Tendo em vista que a questão da produção cultural aqui na região já é fraca, uma grande parte dessas questões culturais a gente vê mais homens. Eu vejo como um fortalecimento do movimento das artistas mulheres. Eu vejo como uma forma de protesto, no dia da mulher, uma forma de protesto sem partidarismo, uma legitimidade do que a mulher é capaz quanto artista. Mulher que é produtora, da mulher empreendedora, a mulher que faz todos os tipos de trabalhos. É uma forma de abrir esse espaço para mostrar a produção cultural feminina”, comenta Carlê Rodrigues, contadora de história, que será mestre de cerimônia, interpretando uma jagunça de Glória Dias. “Como também este ano completa 109 anos de Maria Bonita, vamos prestar essa homenagem a essa figura, que foi uma mulher considerada transgressora em seu tempo, mulher de força e resistência”.

Dona Glória Dias

Considerada uma das principais personagens do Icó Antigo. Seu sobrado até os dias atuais permanece de pé, na Rua Desembargador José Bastos, antiga Rua das Almas, conhecida também como Rua das Tamarineiras, devido aos centenários pés de tamarineiros existentes neste lugar plantados por dona Glória Dias. Conta a história que o Barão do Crato, vizinho da valente mulher, era insatisfeito com duas tamarineiras que serviam de abrigo e sombra para viajantes, com suas tropas de animais, que o incomodavam com o barulho, a sujeira e mau cheiro deixado pelos bichos. Na época o então barão ameaçou de cortar as frondosas árvores, mas recebeu como resposta de Dona Glória que se atrevesse, ela iria explodir o sobrado dele, para isso encomendou uma grande quantidade de pólvora. Conhecedor da coragem e valentia da mulher, o barão então recuou. Toda pólvora foi doada para os festejos de Senhor do Bonfim, que a partir daí fez surgir a tradição dos fogos, no largo do Theberge, dia 01 de janeiro logo após a procissão com a imagem de Jesus Crucificado.

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