Há exatamente 20 anos, no dia 11 de setembro de 2001, terça-feira, as Torres Gêmeas, em Nova Iorque, ruíram após atentado terrorista que marcou a humanidade.
No dia 15 de setembro daquele ano, sábado, o Jornal A Praça publicou na página 2 a opinião/testemunho ocular do iguatuense Pablo Assunção que estava em Nova Iorque cursando Estudos de Performance na Universidade de Nova York, Estados Unidos.
Na mesma página também foi publicado artigo do arquiteto iguatuense Brennand Bandeira e a charge do talentoso Cláudio Teixeira sobre o acontecimento.
Nesta edição de 11 de setembro de 2021, o leitor pode reler e rever o legado jornalístico do Jornal A Praça.
Será o fim?
A humanidade está estarrecida, cataléptica. Ninguém em sã consciência poderia imaginar um ataque terrorista desta proporção e muito menos no local onde ele foi perpetrado.
A cena terrivelmente impactante do avião entrando no World Trade Center já faz parte da triste história da humanidade, foi verdade, aconteceu, não é pesadelo é a mais terrível realidade. Os Estados Unidos símbolo maior do capitalismo e do poderio militar foram atingidos em cheio na sua orgulhosa alma imperialista. Foram exatamente seus símbolos militar e econômico que foram abaixo. O que se pode esperar agora?
O serviço de inteligência política está à cata dos culpados, nenhum até o momento assumiu o risco de confessar o crime. Não se descarta a possibilidade de o atentado ter sido acumpliciado ou mesmo executado por extremistas americanos, lá tem doido para tudo.
Mas o que nação americana tem de perceber passado o estado de transe, é claro é que a política de controle mundial foi extremamente abalada em suas bases, em todos os sentidos possíveis.
Haverá de ser revisto os aspectos estratégicos que a política de “boa vizinhança” dos E.U.A. vem desempenhando ao redor do mundo desde o término da II Grande Guerra.
Talvez não se corra mais o risco de uma III Guerra Mundial nos moldes políticos das antigas. Antes eram nações mais ou menos equilibradas que digladiavam entre si. Hoje os E.U.A. não encontram poderio militar à altura. A U.R.S.S não existe mais, não existe sequer o fantasma do comunismo. Hoje o inimigo é talvez menos forte militarmente mas nem por isso menos perigoso. Os três maiores inimigos do imperialismo ianque, é a fome, a concentração de renda nos países pobres e principalmente a intolerância político/cultural/religiosa do oriente. Todas essas chagas sociais do chamado 3º mundo fruto da política financeira cruel e exclusivista do G7 que é liderado pelos EUA iriam se expressar de alguma forma pelo lado menos tolerante que é o cultural/religioso dos países do Oriente Médio.
O estrago já foi feito, cabe agora aos países do G7 sentarem à mesa e reestudarem saídas viáveis para uma nova humanidade, pelo bem das próprias nações do 1º mundo.
Para eles não era suficiente, perder o mercado e mão-de-obra barata nas guerras civis dos países pobres. O conflito social oriundo da desconcentração de renda nestes países pouco lhes importava já que isso não lhes afetava diretamente. Agora o conflito bate às suas portas já há algum tempo devido às constantes migrações de latinos, africanos e outros “cucarachas” na busca de dias melhores. Essas imigrações têm causado fortes pressões nas sociedades primeiro mundistas, sendo motivo inclusive do aparecimento de grupos extremistas (neonazistas e neofascistas). E agora o pior aconteceu. Grupos radicais etno/religiosos invadiram o país e realizaram o maior atentado terrorista já ocorrido na História.
Foi com certeza um terrível marco para a história mundial. Oremos para que o Todo Poderoso ilumine a mente dos dirigentes desta nação para que tirem proveito desta triste situação. O G7 não pode mais olhar o mundo como uma grande vitrine mercadológica, ou um tabuleiro de estratégia militar. O valor humano precisa prevalecer pelo próprio bem da humanidade. Que Deus tenha misericórdia de todos nós.
Brennand Bandeira
Arquiteto
Duas Torres
Onze de setembro de 2001é uma data já manchada na história dos Estados Unidos. A mancha não é de sangue apenas. Poeira, cinza, fumaça. Pavor, susto, insegurança. As torres do World Trade Center não eram só um óbvio emblema do capitalismo, como podem pensar alguns, mas também um símbolo arquitetônico fortíssimo de Nova York, daí um símbolo humano, além de um lugar de agitado calendário de eventos culturais.
O número de vítimas é incalculável. Multipliquem-se aí as vítimas indiretas: familiares e amigos dos mortos. As imagens vistas na TV, e as que não podem ser vistas (tais como os corpos que se jogavam andares abaixo numa suicida tentativa de sobreviver), chocam a qualquer um. Onde antes era um conjunto de cores e movimentos harmoniosamente caóticos, hoje é um terreno sombrio, uma floresta sem luz, cheia de fumaça e de dor.
Da minha janela na rua 27, eu vejo no cruzamento, antes tão civilizado e organizado, agora um amontoado de carros congestionados, que ignoram as luzes dos sinais de trânsito e se apressam, em vão, no trajeto até suas garagens.
Agora há pouco, tapei a respiração em reverência e assisti de cima do meu telhado o colapso de uma torre e depois da outra, seguido de uma poeira densa e lenta que inundava a área como uma rosa atômica. As sirenes agora são ininterruptas e as imagens na televisão mostram bombeiros na tentativa de salvar vidas. Homens cobertos com uma densa poeira de cinzas que homogeneíza as lindas cores de Manhattan em tristeza apática de guerra.
Olho, assisto, falo ao telefone com os amigos do Brasil. Me resguardo aqui em cima, e chamo de necessária a distância que me permite chorar sem ser visto, observar sem invadir, permanecer vivo e caminhar sem me cobrir de cinzas. Aqui, agora, eu sinto saudade, não só dos desconhecidos que morreram nessa tragédia inumana, nesse atentado à vida e à memória, mas das duas torres que tanto me agradavam. E de tudo aquilo que elas representavam para o povo daqui, com quem agora eu me confraternizo.
Pablo Assumpção é Iguatuense, Jornalista, Dramaturgo e Mestrando em Estudos de Performance na Universidade de Nova York, Estados Unidos. Mora a dois quilômetros do World Trade Center.
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