110 anos do Rei do Baião marcado por lançamento de livro, forró e baião

17/12/2022

Uma noite histórica foi o lançamento do livro “Luiz Gonzaga 110 anos do Nascimento”, de autoria do pesquisador Paulo Vanderley, que aconteceu no auditório do Sesc de Iguatu, na quarta-feira, 14. A obra é considerada a mais completa com relatos e imagens inéditas sobre a carreira e a vida de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. O pesquisador e autor da obra, o bancário Paulo Vanderley, esteve em Iguatu e relembrou o processo de criação, desde a ideia até a concepção da obra em si, com mais de três décadas de pesquisa, mergulhando por toda história de vida do Luiz Gonzaga, o chamado universo “gonzagueano”. Histórias sobre letras de canções, capas de discos, os chamados ‘LPs’, fotografias raras do artista, além do uso de tecnologia, pois por meio de QR codes, os fãs têm acesso às entrevistas, mais de 70 de pessoas que tiveram contato com Luiz Gonzaga, entre esses jornalistas, amigos, músicos, pesquisadores, entre outras tantas pessoas.

Paulo Vanderley, que teve contato ainda criança com as obras além da oportunidade de conhecer Luiz Gonzaga e sua família, disse ter sido contagiado com a musicalidade e o universo de Luiz Gonzaga que o inspiraram a conhecer mais sobre a trajetória de um dos maiores artistas brasileiros de todos os tempos. Vanderley é considerado a principal referência sobre Luiz Gonzaga. Com esse trabalho pretende democratizar e compartilhar a história e a arte do Rei do Baião.

Conforme apresentado, a obra traz um resgate histórico de 110 matérias publicadas na imprensa entre as décadas de 1940 e 1980, traz a discografia completa do artista com a impressão de todas as capas e contracapas em tamanho real, bem como os selos dos discos de 78 rotações por minuto. “Com o uso da tecnologia, é possível ouvir o próprio Luiz Gonzaga contando suas histórias pelos QR codes espalhados pelo livro. Fotos até mesmo inéditas que não foram publicadas em local nenhum”, apresentou o pesquisador, agradecendo também o apoio e a parceria do Sesc e do empresário Sá Vilarouca, que oportunizaram o lançamento dessa importante obra, na terra de Humberto Teixeira, o Doutor do Baião.

Documentário, podcast, site

“Luiz Gonzaga 110 anos do Nascimento” conta também com websérie, podcast, bem como o site https://luizluagonzaga.com.br/. O podcast reúne símbolos importantes da carreira do sanfoneiro, cantor e compositor. Este projeto reúne mais de 50 programas nas principais plataformas de áudio. Cada uma das gravações conta com a presença de convidados especiais, como Elba Ramalho, Waldonys, Fagner e Espedito Seleiro.

Parcerias

O êxito do projeto contou com importantes parcerias. A edição é permeada pela obra dos artesãos mestre Espedito Seleiro e Maninho Seleiro, de Nova Olinda, cidade do Cariri cearense. O projeto gráfico tem assinatura do designer Vladimir Barros de Souza, que também esteve presente no lançamento da obra. São muitos nomes, pessoas que ajudaram Vanderley nessa obra. Entre esses o artista visual Bené Fonteles, curador e escritor que, em 2010, lançou “O Rei e o Baião”, em homenagem ao sanfoneiro, a consultoria da jornalista francesa Dominique Dreyfus, autora da biografia mais completa de Luiz Gonzaga, intitulada “Vida do Viajante: A Saga de Luiz Gonzaga”, publicada em 1996.

 

O autor

A experiência e o conhecimento fizeram de Paulo Vanderley uma referência nacional no tema, tanto que ele foi convidado como consultor em importantes projetos sobre Gonzaga, como o Museu Cais do Sertão, no Recife, o filme “Gonzaga: de pai pra filho”, de Breno Silveira, e do desfile campeão do Carnaval do Rio de Janeiro em 2012, da Unidos da Tijuca, de Paulo Barros.

Aos poucos, Paulo conseguiu transportar esse valioso material para diversos tipos de plataformas, o que permite o público em geral se debruçar no universo do Rei do Baião. “É uma forma de manter viva a memória de um dos maiores nomes da nossa música e reconectar todo esse legado com novas gerações. Eu fico animado com esse interesse por Gonzaga. Ele foi e é muito importante para nossa cultura”, destacou.

Forró e baião

Ao lado dos músicos Edmar Carvalho, na sanfona, e Antônio Neto, no zabumba, Bêu Paulino aproveitou a manhã de sol da terça-feira, 13, para prestar homenagens a Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, justamente no dia do aniversário do renomado artista, que, se fosse vivo, teria completado 110 anos de idade.

Uma manhã de conversas, canções e memórias, regada a um cafezinho gostoso preparado pela dona Maria Paula, secretária da família. No cenário, imagens de Luiz Gonzaga ladeado pelo eterno parceiro o iguatuense Humberto Teixeira, o Doutor do Baião, e o poeta popular Patativa do Assaré. Na sombra do alpendre, o músico conversou com a imprensa, cantou tradicionais músicas imortalizadas por seu Luiz, entre elas Asa Branca, Sabiá, entre outras tantas canções feitas em parceria com o Doutor do Baião.

No dia 13 de dezembro é comemorado o Dia Nacional do Forró. A data foi instituída por lei em setembro de 2005, passou a homenagear o dia de nascimento de Luiz Gonzaga, músico, considerado o Rei do Baião, por ter criado juntamente com outros parceiros o Baião, entre os principais nomes do gênero, Humberto Teixeira e Zé Dantas. “Coincidentemente Humberto Teixeira, quando encontrou com seu Luiz, não estava mais aqui. Estavam no Rio de Janeiro. E seu Luiz quando saiu para o exército não estava mais aqui. Fugiu de casa, ganhou o mundo. E no Rio tocava os chamados boleros, foi trompetista no exército. E a partir do momento que foi despertado para tocar música que representava nosso sertão, nosso Nordeste, começou a entender que era preciso divulgar aquilo que era nosso. Luiz Gonzaga apareceu para mídia nacional, que não é a mídia que tem hoje. Mesmo com aquela dificuldade, com a zambumba, a sanfona e o triângulo ele conseguiu alavancar o forró por todo o Brasil”, destacou Bêu Paulino.

Luiz Gonzaga nasceu no final de 1912, no município de Exu, em Pernambuco. A data coincidia com o Dia de Santa Luzia, o que levou seus pais a batizarem-no com o nome de Luiz. “Eu sou muito feliz. Às vezes estou nos campos quando vou narrar, o pessoal chega para me perguntar sobre seu Luiz, sobre o forró. Eu tive o prazer de conhecer Exu, terra natal de seu Luiz, tenho livros, meio que coleciono. Tem que conhecer para entender a grandeza de seu Luiz. A gente precisa sair um pouco do ouvir, e ir para leitura que tem muita coisa para fazer valer o por que a grandeza desse monstro sagrado, que é Luiz Gonzaga. Viva seu Luiz!”.

Luiz Gonzaga se consagrou como ícone da música brasileira e morreu em 1989, deixando um grande legado de composições. A canção Asa Branca, feita em parceria com Humberto Teixeira, é uma das mais conhecidas e se tornou um clássico.

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