Ainda em tempos de pandemia, as aulas de capoeira acontecem mantendo as recomendações de segurança sanitária, todos mantendo distanciamento, álcool em gel à disposição e o uso de máscara. Aos poucos o ritmo musical tocado pelo atabaque, pandeiro e berimbau, que envolve os atletas volta a ecoar na quadra do SESC.
Neste final de semana, hoje, sábado, 23, o grupo Nova Geração Ginga de Capoeira realiza mais um aulão e roda de capoeira. O evento vai acontecer na praça das Crianças a partir das 19h. A atividade será ministrada pelo mestre Carcará. “Estamos voltando aos poucos. Fizemos um primeiro aulão recentemente. E neste sábado vai acontecer mais uma ação. O objetivo é mostrar para as pessoas que estamos voltando. Mesmo na pandemia a gente não parou. Fizemos trabalho on-line, apesar de não terem acontecido as rodas, mesmo assim, a gente manteve o pique de treino. Agora estamos voltando. O primeiro aulão foi um teste, foi muito bom e convidamos as pessoas a participarem desse momento”, convida o contramestre Mororó, professor de capoeira. “Na verdade, vai ser um treino, um aulão e depois um bate-papo, esperamos rever os amigos. E vamos respeitar as normas de segurança, isso é obrigatório o uso de máscara de todos”, complementa.
Interação e igualdade
A aluna Jéssica Barbosa, 30, também enxerga o potencial do esporte. Ela pratica capoeira desde 2013, depois que passou a cursar faculdade de Educação Física. “Eu me encontrei. Conheci a capoeira quando acompanhei um estágio, na Escola Marista, ministrada para criança. Achei muito encantador e comecei a praticar. Eu achei muito importante no desenvolvimento da criança, cognitivo, musical que envolve muitos outros aspectos, tanto esportivo de jogo, da luta, cultura afro-brasileira. Parei por conta da pandemia, mas agora estou retornando. Ajuda muito no corpo, na saúde, dar resistência, força e inteligência. Tem um conjunto de coisas dentro da capoeira que não tem explicação. Eu aprendi a tocar os instrumentos da capoeira, nunca tinha me desenvolvido para essa área musical. Tem sido algo que mudou minha experiência de vida, tanto como convivência social, jogo, cuidado. Eu observo que modifica a vida de muitas crianças. Dá todo um valor diferenciado para criança”, ressaltou a atleta, afirmando também que o esporte promove a interação das pessoas de todas as idades. “A capoeira é um dos poucos esportes que não é dividido por faixa etária. Sempre ministrada por todo mundo junto. A gente consegue treinar junto, se desenvolver junto. Não importa a idade, cor, questão social. Quando a gente está treinando, todo mundo é igual”, disse.
Atualmente em Iguatu não se tem conhecimento de outros grupos em atividade, apenas o Nova Geração Ginga de Capoeira. Estima-se mais de 800 pessoas, a maioria crianças e adolescentes, praticam o esporte em Iguatu. Somente o contramestre Mororó ministrava aulas para mais de 300 pessoas, mas a pandemia afastou muito desses praticantes, que aos poucos estão retornando. “Eu pretendo muito voltar em todas as escolas que dava aula, na sede e zona rural. Eu sou concursado na área de capoeira pela cultura. Como eu sou professor ativo, eu sei que as comunidades precisam muito do meu trabalho. E espero que as aulas voltem logo para voltar pra essas comunidades. A gente sabe que tem muita gente que está sentindo a falta da atividade”, afirma.
Não diferente de outros esportes, a capoeira também enfrenta muitas dificuldades, ou até mais para ser valorizada, além do preconceito que ainda existe contra a atividade. “Pessoal não vê a capoeira como uma profissão, uma formação, uma transformação, uma capoeira pedagógica, uma capoeira de inclusão. A capoeira pra criança, que é o público que gosto de trabalhar, é uma formação importante, porque a gente trabalha os valores da família, do respeito ao outro. Tem muitas crianças que não têm carinho em casa. Na capoeira ela encontra isso. Ela pode cantar, jogar. É acolhido. Eu acho que o valor da capoeira é incontestável, se fortalece com o os valores dos pais, da família. As brincadeiras que a gente tinha antigamente e não tem mais. Eu faço o resgate dentro da capoeira”, complementa Mororó, ponderando que o objetivo é mostrar que o esporte ajuda na educação de jovens e adolescentes.
‘Vem jogar mais eu’
Por conta da pandemia o “Vem jogar mais eu”, evento que reúne capoeiristas de todo o país, ano passado não aconteceu. Este ano a atividade está prevista para acontecer de forma híbrida, com atividades on-line e presenciais. “A gente encontrou muitas dificuldades. A gente sabe que o momento ainda é difícil pra todo mundo, mas pensando nas crianças, eu não queria deixar de fazer. Talvez não aconteça um evento grande como a gente costuma fazer, com muita gente, mas vamos fazer. Esse evento é o batizado. A troca de cordas dos meninos, que não teve ano passado. Estamos programando a abertura com uma live, onde vamos contar com a participação de capoeirista da França, Angola, Estados Unidos, México, vamos contar com os mestres Carcará, e o Pano, que é mestre do nosso grupo. Tema vai ser a capoeira pelo mundo. Dia 16 de novembro”, concluiu Mororó.
Quem tem interesse em conhecer mais sobre o esporte pode entrar em contato o com contramestre Mororó, pelo WhatsApp: 88. 9.9642-0321.
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