Por Ismael Oliveira*
Foi nas terras de Iguatu,
O lugar da água boa,
Que primeiro se ouviu
O entoar de fina loa,
Dedicada a Mãe de Deus,
Que na oração ressoa.
O bairro Prado escolhido
Já inscrito em sua sina,
Para ocupar tal morada
Que a Deus também fascina.
E ali foi habitar
Muitas das graças divinas.
Na modesta capelinha
Que’inda hoje se mantém,
Onde muitos já casaram,
Se confessaram também.
Um lugar muito querido,
Casa do sincero amém.
Nas redondezas do bairro,
Quanto tudo era deserto,
Na metade do outro século
A diocese fez o certo,
Instalando a paróquia,
Começando seu processo.
Uma marca bem real
Do que foi aquele início,
Quando ao povo foi entregue
O dever e seu ofício
De orar à Mãe de Deus,
Um trabalho bem propício.
Já havia por ali
Uma comunidade local
Que repartia o que tinha
Numa mesa tão igual
Que instiga a novidade
E do reino era sinal.
Eis então que alguns padres
Vindos da moderna Europa
Começaram seu percurso,
Movimentando toda obra
Da paróquia instalada
Trabalho tinha de sobra.
O primeiro, Agostinho,
Nome por certo escolhido
Pelo Deus da eternidade
Que nos trata com carinho.
Foi no seu paroquiato
Que firmou-se o caminho.
Outros tantos foram aqueles
Que viveram na paróquia
Redentoristas chamados,
De presenta tão notória
Com as suas vestes longas,
E marcaram nossa história.
Foram nomes bem marcantes
Que por tempo tão singelo
Da paróquia, celebrantes,
Muita terra no chinelo
Uma presença constante
No conviver muito terno.
Muitos deles já passaram
A viver na eternidade,
Recordados com carinho
Pelos bairros da cidade,
Também são muito lembrados
Nas muitas comunidades.
A planejar primeiro
Na presença do saudoso
Dom José Mauro Ramalho,
Bispo muito atencioso,
Ao clamor da diocese,
De ouvido piedoso.
Por tanta gente queridos,
É possível relembrar
O serviço tão bacana
Exercido pelo olhar
Que acolhia todo mundo
Sem ter tempo de julgar
A vida religiosa
Também fez sua marcação
Na história da paróquia
Com trabalho e devoção
Irmã Gilza, gente boa
E a irmã Assunção.
Outras tantas já passaram
E deixaram boas pistas
De como fazer fazendo,
Ampliando nossas vistas
Para olhar o mundo novo
Sem mais ódios e cobiças
No final daquele século
O passado já escreve
A mudança de cuidado
E José Marques recebe
A missão de o assumir
E seu zelo se percebe.
Começa então por aí
O fazer diocesano
Com os padres da Igreja,
Num desafio bem urbano
De animar as juventudes
E traçar alguns bons planos.
Em um serviço ofertado
No favor do povo pobre
A Casa de Acolhimento,
Um espaço muito nobre,
Que acolhe o mais sofrido
E de esperança o recobre.
Numa certa observância
Do maior dos mandamentos
O reduto missionário
Deve ser lugar de alento
E mensagem de justiça
Que do reino é cumprimento.
Engajada no viver
Das pessoas que, sofridas,
Buscam na casa da mãe
Um lugar, uma guarida,
A paróquia, na história,
Não lhes nega a comida.
Dando um salto bem distante
Que transpõe a boa escrita
Das histórias da paróquia,
Que são longas e benditas
Em cada paroquiano,
No fazer de suas vidas.
Era dois mil e quatorze
Quando foi bem celebrado:
Cinquentenário querido,
Que tão bem foi planejado
Pelo povo da paróquia
Muito bem executado.
Acolhemos missionários
Vindos de tantos lugares,
Nossa paróquia abrigou
As pegadas populares,
Buscando a libertação
E trazendo novos ares.
Falo com propriedade
E por ser visto de perto
O penhor de tanta gente
Em propor caminho aberto
De serviço e de cuidado
Buscando fazer o certo.
E o certo vai clamando
Pela escuta atenciosa
Das mazelas que atingem
E que são muito danosas
Para o bem comum de todos,
Uma escuta esperançosa.
Na verdade, o vigor,
Que mantém o planejado,
É a força laical
Do povo que é chamado
A seguir os passos seus,
Do Senhor Ressuscitado.
Hoje também me recordo
Das diversas formações
Das quais eu participei,
Verdadeiros mutirões,
Que trouxeram muito ganho,
Muitas foram as missões.
Nos sítios e na cidade
São muitas atividades:
Catequese, liturgia,
O serviço à piedade
Do povo sacerdotal
A ser sinal de verdade.
Porque as comunidades
São sinais de plenitude
Do reinado de Jesus,
Que espera atitudes
Das pessoas, lideranças,
Para que o mundo mude.
Na fraterna reunião
Que anima o social,
Que são marcas da paróquia
No cuidado do local,
Pelas causas tão diversas
E do bem sendo sinal.
Celebrar sessenta anos
De história e muita luta,
Bem vividos e felizes,
Que sustentam a conduta
Dos que são paroquianos,
Construtores na labuta.
O seu Perpétuo Socorro
Que emana de Jesus,
Nossas causas tão singelas
Que nos fazem plena luz
E dos passos viajantes,
Sua vida nos conduz.
Como Mãe que é venerada
Da Igreja, que é lar,
Os devotos seguem firmes
Na vivência do amar,
E cantando forte o hino
Para “até ao céu chegar!”
* Ismael Oliveira é cearense e iguatuense. Nasceu em 1996. Estudante de Psicologia (PUC Minas) e simples artesão de palavras. Por muito tempo, foi leigo engajado nas atividades da Paróquia do Prado, das quais lembra com carinho e saudade.
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