A “Declaração à Nação” revelou mais do que uma tentativa de conciliação ou apaziguamento entre os Poderes; revelou o quão volúvel o presidente da nação pode ser em meio aos conflitos com os senhores Alexandre de Moraes, Luiz Fux e cia do supremo.
Acredito que os manifestantes bolsonaristas do ato do último dia 7 de setembro, provavelmente, devam estar arrependidos de terem ido às ruas. Uma vez que se deposita a sua confiança no chefe do executivo, imagino que o mínimo que se espera é que haja manutenção da palavra, do princípio e, claro, da crença no que se diz, no que que se busca. E isso implica arcar com toda e qualquer consequência, seja maléfica ou benéfica
Dois dias depois, orientado pelo sr. Michel Temer, Bolsonaro, como um filho inconsequente e medroso, busca-o para pedir ajuda quanto ao que fazer diante da efervescência instaurada. Ir até as últimas consequências, como podemos constatar hoje, é algo impensável para o presidente da república; ao invés de um líder estadista de pulso firme e convicções inalteráveis, temos, ao contrário, um menino com receio de punição ou perda do poder mediante o intento de um impeachment.
Certa feita – coisa de um ano e meio -, escrevi uma crônica relatando sobre o perigo de a direita entregar, de bandeja, novamente o poder na mão da esquerda. Agora, já próximo do período eleitoral, essa possibilidade passa a ter um esboço, uma forma considerável de se tornar realidade, haja vista as tolices perpetradas pelo menino Jair.
Bem, mas creio que o prezado leitor, se ainda não leu, possa vir a ler a já conhecida “Declaração à Nação”. Deixarei que o amigo leitor tire suas próprias conclusões, seja concordando ou discordando das razões para sua existência e sentido.
Declaração à Nação
No instante em que o país se encontra dividido entre instituições é meu dever, como Presidente da República, vir a público para dizer:
- Nunca tive nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes. A harmonia entre eles não é vontade minha, mas determinação constitucional que todos, sem exceção, devem respeitar.
- Sei que boa parte dessas divergências decorrem de conflitos de entendimento acerca das decisões adotadas pelo Ministro Alexandre de Moraes no âmbito do inquérito das fake news.
- Mas na vida pública as pessoas que exercem o poder, não têm o direito de “esticar a corda”, a ponto de prejudicar a vida dos brasileiros e sua economia.
- Por isso quero declarar que minhas palavras, por vezes contundentes, decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum.
- Em que pesem suas qualidades como jurista e professor, existem naturais divergências em algumas decisões do Ministro Alexandre de Moraes.
- Sendo assim, essas questões devem ser resolvidas por medidas judiciais que serão tomadas de forma a assegurar a observância dos direitos e garantias fundamentais previsto no Art 5º da Constituição Federal.
- Reitero meu respeito pelas instituições da República, forças motoras que ajudam a governar o país.
- Democracia é isso: Executivo, Legislativo e Judiciário trabalhando juntos em favor do povo e todos respeitando a Constituição.
- Sempre estive disposto a manter diálogo permanente com os demais Poderes pela manutenção da harmonia e independência entre eles.
- Finalmente, quero registrar e agradecer o extraordinário apoio do povo brasileiro, com quem alinho meus princípios e valores, e conduzo os destinos do nosso Brasil.
DEUS, PÁTRIA, FAMÍLIA
Jair Bolsonaro
Presidente da República Federativa do Brasil
Cauby Fernandes é contista, cronista, desenhista e acadêmico de História
0 comentários