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11/09/2021

A “Declaração à Nação” revelou mais do que uma tentativa de conciliação ou apaziguamento entre os Poderes; revelou o quão volúvel o presidente da nação pode ser em meio aos conflitos com os senhores Alexandre de Moraes, Luiz Fux e cia do supremo.

Acredito que os manifestantes bolsonaristas do ato do último dia 7 de setembro, provavelmente, devam estar arrependidos de terem ido às ruas. Uma vez que se deposita a sua confiança no chefe do executivo, imagino que o mínimo que se espera é que haja manutenção da palavra, do princípio e, claro, da crença no que se diz, no que que se busca. E isso implica arcar com toda e qualquer consequência, seja maléfica ou benéfica

Dois dias depois, orientado pelo sr. Michel Temer, Bolsonaro, como um filho inconsequente e medroso, busca-o para pedir ajuda quanto ao que fazer diante da efervescência instaurada. Ir até as últimas consequências, como podemos constatar hoje, é algo impensável para o presidente da república; ao invés de um líder estadista de pulso firme e convicções inalteráveis, temos, ao contrário, um menino com receio de punição ou perda do poder mediante o intento de um impeachment.

Certa feita – coisa de um ano e meio -, escrevi uma crônica relatando sobre o perigo de a direita entregar, de bandeja, novamente o poder na mão da esquerda.  Agora, já próximo do período eleitoral, essa possibilidade passa a ter um esboço, uma forma considerável de se tornar realidade, haja vista as tolices perpetradas pelo menino Jair.

Bem, mas creio que o prezado leitor, se ainda não leu, possa vir a ler a já conhecida “Declaração à Nação”. Deixarei que o amigo leitor tire suas próprias conclusões, seja concordando ou discordando das razões para sua existência e sentido.

Declaração à Nação

No instante em que o país se encontra dividido entre instituições é meu dever, como Presidente da República, vir a público para dizer:

  1. Nunca tive nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes. A harmonia entre eles não é vontade minha, mas determinação constitucional que todos, sem exceção, devem respeitar.
  2. Sei que boa parte dessas divergências decorrem de conflitos de entendimento acerca das decisões adotadas pelo Ministro Alexandre de Moraes no âmbito do inquérito das fake news.
  3. Mas na vida pública as pessoas que exercem o poder, não têm o direito de “esticar a corda”, a ponto de prejudicar a vida dos brasileiros e sua economia.
  4. Por isso quero declarar que minhas palavras, por vezes contundentes, decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum.
  5. Em que pesem suas qualidades como jurista e professor, existem naturais divergências em algumas decisões do Ministro Alexandre de Moraes.
  6. Sendo assim, essas questões devem ser resolvidas por medidas judiciais que serão tomadas de forma a assegurar a observância dos direitos e garantias fundamentais previsto no Art 5º da Constituição Federal.
  7. Reitero meu respeito pelas instituições da República, forças motoras que ajudam a governar o país.
  8. Democracia é isso: Executivo, Legislativo e Judiciário trabalhando juntos em favor do povo e todos respeitando a Constituição.
  9. Sempre estive disposto a manter diálogo permanente com os demais Poderes pela manutenção da harmonia e independência entre eles.
  10. Finalmente, quero registrar e agradecer o extraordinário apoio do povo brasileiro, com quem alinho meus princípios e valores, e conduzo os destinos do nosso Brasil.

DEUS, PÁTRIA, FAMÍLIA

Jair Bolsonaro

Presidente da República Federativa do Brasil

 

 

Cauby Fernandes é contista, cronista, desenhista e acadêmico de História

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