O consumo de arroz e feijão, entre outros produtos considerados base para alimentação, está bem mais caro. O preço tem assustado consumidores que estão indo às compras nesses últimos dias.
A dona de casa Maria das Graças Alves costuma fazer compras em grande quantidade, gasta em média R$ 1 mil por mês com alimentos. Mas, com o aumento nos últimos dias no preço de itens básicos, ela disse que passou a pensar e refazer a lista de compras. “O jeito é reduzir. Temos que comer, não podemos ficar sem se alimentar. Mas o jeito agora é reduzir as quantidades. Encontrar uma maneira que não pese tanto no orçamento que já é bem comprometido. Não tem só comida, tem outras despesas”, ponderou.
O aumento no preço do arroz, feijão e óleo tem chamado atenção dos consumidores. Dona Francisca Inácio fez comparação de preços. “O quilo de arroz, por exemplo, que paguei não faz tanto tempo, foi de R$ 2,80. Hoje encontrei bem mais caro a R$ 5,10. Isso o mais em conta. Vai ser o jeito trocar o arroz por cuscuz”, brincou.
Numa pesquisa de preço rápida, encontramos o quilo de arroz mais barato a R$ 5,10, o mais caro chega R$ 5,69. Já pacote com cinco quilos, dependendo da marca, varia de R$ 16,49 a R$ 20,99 centavos. O feijão, o quilo, pode chegar R$ 7,89. O óleo foi o produto que teve o aumento mais impactante. Encontramos o produto variando entre R$ 7,40 e R$ 14,20 o mais caro. Segundo o empresário Marcelo Paulino, dono de um supermercado, houve uma grande variação no preço para compra desses produtos. “Pra se ter uma ideia, a caixa de óleo teve um aumento de R$ 30,00. Se a gente compra mais caro, infelizmente temos que repassar para o consumidor, mas sem exagero de lucro. Até porque o momento não é de exploração”, explicou.
Fatores
De acordo com Alberto Pereira, representante comercial de uma empresa nacional distribuidora de alimentos, o arroz está bem mais difícil de ser comprado. Grande parte da produção, segundo ele, está indo para o mercado externo. Situação confirmada pelo economista e professor do Instituto Federal de Educação do Ceará, Kélvio Felipe. O aumento no preço desses produtos principalmente do arroz é impactado por quatro fatores: “O primeiro está relacionado à seca, na Região Sul, principalmente no Rio Grande do Sul. Na safra deste ano, as chuvas ficaram bem abaixo da média, isso prejudicou a produção. O segundo fator está na indústria, no beneficiamento desse produto. A pandemia fez em algum momento que as indústrias parassem de beneficiar. Isso atrasou um pouco a distribuição dentro da cadeia produtiva. O terceiro fator está ligado com relação à área plantada. Houve uma redução da área plantada de arroz em detrimento do plantio da soja. Foi deixado de plantar arroz, para plantar soja. E o quarto ponto é o comércio exterior. O Real está desvalorizado frente ao dólar. Isso faz com que produto brasileiro no mercado internacional fique mais barato. Aumentou a exportação. Quando se alinha tudo isso, faz com que se reduza a oferta do arroz”, explicou o professor, relatando que são os mesmos fatores que fizeram também elevar o preço do óleo.
Sem previsão de queda
Diante dessa nova realidade, o consumidor vai ter que esperar ainda mais um pouco. Segundo o economista, não há previsão de redução no preço de alguns produtos, principalmente do arroz. “A curto prazo, eu acredito que não haja redução de preços desses produtos. Medidas de importar arroz, trazer de fora, isso demora tempo, tem certos custos. Mesmo o governo desonerando alguns impostos, mas toda uma cadeia logística. E outra parte seria incentivar o produtor local a produzir arroz, mas tem todos os fatores climáticos. A curto prazo, eu acredito que o consumidor terá que se adaptar ao consumo diário com a redução desse produto”, ressaltou.
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