Os registros de incêndios continuam acontecendo no interior cearense. Na Região Centro-Sul, os casos só aumentam. Em média são registrados cinco incêndios em vegetação por dia. Nos 18 primeiros dias de setembro, já foram 57 ocorrências, desse total 39 neste município. Para os bombeiros são dias de intenso trabalho, até porque muitas vezes são ocorrências praticamente simultâneas e, o pior, em várias cidades da região, em áreas de difícil acesso para um combate mais rápido.
Os dois últimos registros de incêndio foram na Chapada do Moura e no Distrito de José de Alencar, próximo a uma mineradora. A fumaça dos focos dificultou a visibilidade de condutores de veículos. “É uma situação bastante preocupante. Quando a gente é acionado, uma situação dessas que encontramos aqui, primeiro a gente tenta logo combater os focos próximos à estrada. E outra equipe segue partindo para dentro da mata em outra linha de combate. Além do fogo que destrói a vegetação, mata animais, aves e põe em risco quem passa na estrada”, alertou o tenente Jackson Pereira.
De acordo com os bombeiros, cerca de 90% dos incêndios em vegetação acontecem de forma desconhecida, o que dificulta a autuação para punir quem comete esse tipo de crime. “Vale salientar que essa não é uma luta só do Corpo de Bombeiros, é de toda a sociedade cearense não fazer queimadas, não jogar ponta de cigarro nas rodovias, evitando fazer esses incêndios. As nossas estatísticas apontam que mais de 90% de todos esses incêndios que ocorrem em vegetação neste período são causados por alguma ação humana. Então precisamos que a população seja aliada do Corpo de Bombeiros, porque ela acaba sendo a mais prejudicada com esses incêndios em vegetação”, apontou o coronel Eduardo Holanda, comandante geral do Corpo de Bombeiros no Ceará.
“É uma situação muito difícil aqui pra gente porque colocam fogo, ninguém vê, ninguém sabe. Os moradores até tentam apagar, mas é tanto fogo que só os bombeiros pra dá jeito. A gente vê o trabalho que eles têm. O pior que a fumaça e o fogo se alastram por todo canto”, lamentou a aposentada Isabel Ferreira Gomes, moradora do distrito de José de Alencar.
Ação criminosa
Os incêndios devastam áreas de pasto e mata nativa. O agricultor Antônio Soares Gomes ressaltou que os incêndios são criminosos. “Não pode uma coisa dessas, o fogo começar do nada. No meio de uma mata dessas. É muita ruindade também. Eu crio alguns animais, é daqui da beira da estrada que tiro o capim que nasce pra eles. Meu pedaço de terra é pequeno, não dá pra tirar o pasto pra eles. Eu tirava o capim daqui da estrada, era perto de casa. Agora tenho que ir mais longe, porque tocaram fogo em tudo. Há quinze dias tocaram fogo que quase se acaba tudo. Todo ano é assim ”, apontou o agricultor.
Outro incêndio foi combatido pelos bombeiros foi na Fazenda Chapada do Moura, às margens da CE-282. O fogo teria começado no final da manhã próximo à estrada por conta da vegetação seca e dos ventos fortes se alastrou atingido grande área da propriedade, causando prejuízos.
Mais um incêndio de grandes proporções aconteceu no Sítio Gameleira, o fogo teria começado no Sítio Cruiri e espalhado atingindo outras localidades vizinhas. Pelo menos três equipes de bombeiros estiveram no combate dessa ação. “Foram mais de três horas de combate aos focos até conseguirem controlar o fogo. Não soubemos a extensão das áreas devastadas pelo fogo e nem os prejuízos para proprietários, mas muita pastagem e cercas foram queimadas”, acrescentou o sargento Fernandes Neto, que participou dessa ação.
De acordo com levantamento do Corpo de Bombeiros, Iguatu lidera o índice de queimadas na região. Nesses primeiros dias foram registradas 57 ocorrências de incêndio na região. Durante todo o mês de setembro do ano passado, foram registradas 111 ocorrências de incêndio em vegetação. “A maior parte dos incêndios em vegetação acontecem de forma desconhecida, o que dificulta a autuação e até mesmo prisão de quem comete esse tipo de crime”, lamentou tenente-coronel Nijair Araújo, comandante do 4º Batalhão de Bombeiros Militar sediado em Iguatu.
Mais equipamentos
Na última terça-feira, 15, foi entregue pelo Governo do Estado novos equipamentos para auxiliar no trabalho dos bombeiros no Ceará. Foram entregues conjunto de combate a incêndio com capacidade para 400 litros de água, um motor Honda GX 160, 4 tempos, uma bomba Imovilli M35, pressão de 40 Bar (580 psi), uma mangueira de meia polegada com 30 metros de comprimento, além de uma pistola de descarga em aço inoxidável para jato pleno e spray.
Esses equipamentos já estão destinados, principalmente, às unidades do Comando de Bombeiros do Interior (CBI), onde existem atualmente 13 quartéis. “A ideia é distribuir esses vinte e três equipamentos por todo o Estado do Ceará de forma que a gente possa combater os incêndios em vegetação nessa temporada que está bem mais severa que anos anteriores”, complementou coronel Holanda.
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