Mesmo sem a presença de público, nas instalações da unidade do Sesc Iguatu, o som da viola nordestina voltou a ser tocada no Festival de Violeiros, realizado pela Fecomércio, através do SESC. O evento chegou à XXII edição e aconteceu de forma diferente seguindo as recomendações necessárias do “novo normal”.
O festival trouxe para as pessoas que assistiram de suas casas a divertida disputa de rimas, o improviso dos poetas e seus repentes. A voz do poeta cantador não silenciou. “Pra gente, esse momento de pandemia está sendo bem difícil, porque a gente costumava cantar praticamente toda semana, especialmente aos finais de semana. A gente tinha uma agenda cheia, agora seca. Além da dificuldade de não ganhar dinheiro que a gente ganhava nas cantorias, tem também a saudade dos amigos, da plateia, mas tudo faz parte da vida. Serve de aprendizagem para que a gente não lamente a dor da vida”, pontuou o poeta icoense Antônio Hélio, um dos convidados que participou do evento, fazendo dupla com o poeta Chico Chagas, de Irapuã Pinheiro.
“É sempre uma alegria enorme, nos honra, nos engrandece participar desse festival, mesmo assim, nessa modalidade sem público presente. Mas sentimos de longe a energia das pessoas em suas casas. Através das mensagens e pedidos de canções”, complementou Chico Chagas.
Cada detalhe foi pensado em levar a apresentação de forma mais dinâmica e interativa para o público. “Foi uma experiência nova ter feito tudo on-line. Mas para nossa grande surpresa tivemos um grande acompanhamento de pessoas do Brasil inteiro, elogiando tudo que aconteceu. Isso nos recompensou pela forma como foi apresentada para as pessoas a transmissão através das redes sociais pela Mais FM. Mesmo com todo esse problema que estamos passando, só temos a agradecer aos cordelistas, poetas e repentistas em manter viva essa nossa cultura nordestina”.
Compromisso
O evento criado em 1996, por um grupo de poetas, desde então apoio do Sesc. O festival foi apresentado pelo poeta repentista Jonas Bezerra, filho do poeta Chico Alves, um dos veteranos do festival de viola. Para o poeta, que traz o amor à arte do improviso no sangue, a responsabilidade de manter a tradição é grande, mas fez o melhor para manter a qualidade do evento. “Apesar de estarmos nos adaptando à nova realidade que estamos enfrentando, a satisfação é a mesma de todos os anos. A plateia presencial foi trocada pela virtual, mas fez jus da mesma forma, mesma calorosidade, acompanhando todas as noites o festival. As expectativas foram cumpridas. Mantemos viva a nossa tradição. O Sesc manteve esse compromisso, e nós como participantes nos sentimos honrados”, declarou Jonas Bezerra.
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