Klériston Monte (Economista)
O economista americano laureado Prêmio Nobel de Economia em 2001 tem uma citação célebre: “A economia é um meio para atingir um fim e não um fim sem mesma”.
Desde os primórdios da existência humana, sobretudo quando foi alcançado um certo nível de organização social, sempre ocorreu no seu âmago um questionamento inconteste, parafraseando os economistas neoclássicos: “como satisfazer as ilimitadas e mutantes necessidades humanas a partir de escassos recursos?”.
Quando nos referimos a escassos são expressamos sentido de pequenos, mas de esgotáveis ou de que em dado serão exauridos.
Dada essa condição inicial e as transformações vividas pela humanidade ao longo de sua história várias foram as tentativas, não apenas de explicar tal fenômeno, mas sobretudo de serem apresentadas soluções que fossem possíveis de solucionar tal dilema.
Adam Smith foi o pioneiro e expôs a ideia embrionária do liberalismo, fundamento ideológico do livre mercado. Karl Marx enunciou a teoria da mais valia, dentre outras, e mostrou o alicerce de uma teoria “planificada”, concentrada na força do Estado proletário. Alfred Marchall revisou a literatura smithiana e de seus seguidores e criou a teoria neoclássica, retornando o protagonismo para o mercado. No terceiro decênio do século XX, em meio à crise de 1929, eis que surge que um novo economista que torna a defender a participação do Estado na economia, a bem da verdade da mais branda do que a defendida por Marx, John Maynard Keynes.
Após Keynes outros estudos foram realizados por notáveis pesquisadores da ciência econômica na perspectiva de sepultar tal dilema, e aqui não cabe aprofundamento acadêmico sobre a temática, todavia de uma forma simples e resumida podemos constatar que, invariavelmente, ancoramos no ponto central que originou toda essa discussão: a economia deve seguir curso normal e ser levada pelas livres forças do mercado ou o Estado é um elemento proativo e que também deve participar da economia? Independentemente do embate ideológico e pragmático, as duas não estão inteiramente erradas ou são totalmente descartadas.
Dependendo do nível de organização da economia, da sua capacidade produtiva, dos seus condicionantes políticos, sociais e institucionais, a política do mercado livre ou do Estado participativo se apresenta mais recomendada.
Todavia a práxis evidencia que os mercados individualizados não serão capazes de conseguir entregar a sociedade uma prosperidade igualmente distribuída e sustentável, uma vez que poderá trazer uma economia funcional ineficiente, produzindo excessos de alguns bens e serviços e carência de outros.
Com o Estado inteiramente envolvido não é diferente, pois o esse pode tender a privilegiar determinados segmentos econômicos ou estratos sociais e políticos em detrimentos dos demais.
Ora se a economia é um meio significa que ela deve ser capaz de, com toda sua capacidade de utilização eficiente e eficaz dos recursos produtivos reduzidos, entregar ao maior contingente populacional possível o mais elevado numero de bens e serviços de forma justa e não excludente, porquanto não basta ter por fim apenas a majoração da oferta de bens e serviços em si e de maneira concentradora.
Somente com ações pactuadas do segmento público (Estado) com o segmento privado (mercado) podemos alcançar a tão almejada melhoria da qualidade de vida da população de maneira mais equitativa e com justiça social e assim transformar a economia em um meio e não apenas em fim.
A saída, sem demora, é a parceira do setor público com o setor privado.
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