Nesta semana foi confirmada a venda do prédio do antigo Colégio São José, pertencente à Congregação das Filhas de Santa Teresa, para a FASC – Faculdade São Francisco do Ceará. O prédio já vinha sendo usado pela instituição de ensino superior em regime de locação. As atividades do Colégio São José haviam sido encerradas desde o ano de 2009, fechando um ciclo de prestação de serviços educacionais à sociedade de Iguatu e região por 70 anos.
Mediante a aquisição da estrutura quase secular, que sai do controle de uma instituição religiosa, para uma empresa privada, ex-alunos do Colégio São José e representantes do Poder Legislativo se manifestaram visando à preservação da memória arquitetônica do local, não pelo valor econômico, mas sentimental.
Profissionais que hoje servem à sociedade e foram alunos do Colégio São José, tendo vivenciado os melhores dias da infância assistindo a aulas nas amplas salas da escola, e vivido as maiores aventuras correndo por seus jardins floridos fincados em terra de chão batido, nos seus arredores, onde viveram seus primeiros amores, paixões e suas alegrias mais intensas, temem que ocorra com o prédio o mesmo que aconteceu com outros valores patrimoniais arquitetônicos da cidade, cujas fachadas originais antigas foram destruídas e substituídas por projetos modernos de engenharia.
“Como ex-aluno do colégio, fiquei bastante preocupado com o destino do nosso patrimônio arquitetônico, após a venda. Acho que deve ser vendido mesmo e que o progresso virá nessa direção. Um centro universitário com sede própria, em localização tão nobre, há de se tornar ainda mais forte e vai trazer mais e melhores profissionais para o engrandecimento da nossa gente. O apelo que faço aos novos donos é exatamente esse: manter e preservar a memória arquitetônica da cidade, mesmo que essa não seja a sua terra natal. Acho que o A Praça está cumprindo o papel de alertar a sociedade sobre a Lei. Fizemos o mesmo com o casarão onde hoje funciona um laboratório, na Praça da Matriz, cuja fachada original quase centenária, também protegida pela mesma legislação, foi demolida, ao arrepio da Lei, e o pior, os autores do ato ficaram impunes”, disse o médico Paulo de Tarso Bezerra, ex-aluno.
Entrevista com Madre Superiora, Irmã Vera Lúcia Alves de Andrade
Legislação
Na sessão da Câmara Municipal, na quinta-feira, 17, o vereador Mário Rodrigues solicitou em plenário que seja encaminhado ofício às partes envolvidas na negociação, fazendo conhecer sobre Lei Municipal de nº 635/99, de 28 de outubro de 1999, que dispõe sobre o ‘tombamento dos prédios históricos do município de Iguatu’. Em seu artigo 1º, a Lei aprovada pelos vereadores e sancionada pelo prefeito da época, Hildernando Bezerra, diz que “Fica assegurada aos antigos prédios ou fachadas do município de Iguatu a integridade de preservação histórica, através de tombamento”. A Lei assegura que a partir daquela data “Ficam considerados de utilidade pública, para fins de tombamento, ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, IPHAN, como parte integrante da história do município, seus prédios antigos e respectivas fachadas”. Não podendo esses serem violados ou destruídos aleatoriamente em conflito com a legislação, desrespeitando a memória da cidade e de sua gente.
Manutenção, cuidados e zelo
O jornal A Praça procurou a Congregação das Filhas de Santa Teresa de Jesus para tratar o tema. A Madre Superiora, Irmã Vera Lúcia Alves de Andrade, relatou que “a venda se deu em função de outros projetos da congregação religiosa, envolvendo o setor das vocações e principalmente a formação de noviças”. Segundo Irmã Vera Lúcia, “Foi um ato de discernimento sob a luz do Espírito Santo, por se tratar de um casarão querido, com valor afetivo inestimável, que requer manutenção, cuidados e zelo, e tal conservação demanda custo financeiro para a congregação, por isso aceitamos a proposta da FASC”.
Ainda conforme a religiosa, “sobre a Lei municipal que determina que sejam mantidas as edificações antigas em suas estruturas físicas e arquitetônicas, temos inclusive essa Lei em mãos e com toda certeza asseguramos que a FASC jamais irá alterar sequer um detalhe da construção deste suntuoso prédio”. Ela mencionou que a nova detentora do prédio fará as adaptações necessárias, mas apenas na parte interna para acomodar os cursos, contudo sem ferir o projeto original, “por se tratar de uma edificação com elevado valor sentimental à sociedade e ao povo de Iguatu”.
Conservação e revitalização
O jornal A Praça também procurou a FASC, com abordagem sobre o assunto. Fiama Claudino, filha de Vera Claudino, diretora-presidenta da instituição, afirmou que “Somos cientes da Lei e não vamos mexer na arquitetura, não. Pelo contrário, os cursos de Arquitetura e de Engenharia Civil, que já funcionam na sede, vão ficar no prédio, e vamos conservar, revitalizando a estrutura ainda mais do que está sendo feito. Será mantido o mesmo padrão. Como o terreno é muito grande, futuramente pretendemos expandir mais para a área externa por trás da sede e do lado, mas o prédio com sua fachada e estrutura histórica em si vai continuar e vamos preservá-lo”, encerrou.
Saiba mais
A FASC – Faculdade São Francisco do Ceará chegou a Iguatu em agosto de 2016 e oferece os cursos de Administração, Arquitetura e Urbanismo, Engenharia Civil, Farmácia, Filosofia, Fisioterapia e Nutrição. A instituição pertence ao grupo Vera Claudino de Oliveira Soares LTDA, que mantém a FASP – Faculdade São Francisco da Paraíba, em Cajazeiras.
OUTORGA DE AGRADECIMENTO ÀS FILHAS DE SANTA TEREZA DE JESUS
POSSE DA DIRETORIA EXECUTIVA DA FACULDADE SÃO FRANCISCO DO CEARÁ(FASC)
Estamos, aqui, para celebrarmos mais uma importante página da história da Faculdade São Francisco do Ceará, que se faz grande, pela excelência no Ensino, na Pesquisa e na Extensão, pelo trabalho, por mérito, por vocação, marcas maiores da nossa Instituição.
Nós que fazemos a gestão da FASC celebramos um momento áureo na história do ensino superior em Iguatu, no estado do Ceará: a aquisição do colégio São José, pertencente à Congregação das Filhas de Santa Tereza de Jesus, que, por mais de 70 anos prestou valorosos serviços à comunidade, apresentando cotidianamente que o ensinar, o cuidar pela Educação é, sobretudo, humanizar.
Reafirmamos, através, desse cuidado pela Educação e, por conseguinte, pela vida, quais valores são essenciais à formação do Homem, do cidadão e cuidaremos dessa herança valorosa da Congregação das Filhas de Santa Tereza.
Assim sendo, assumimos o compromisso de continuar tão nobre história e acrescentar a ela os preceitos que defendemos em favor do Ensino Superior de excelência, como temos feito na Faculdade São Francisco da Paraíba.
Crescemos por trabalho, por mérito, por vontade de apresentar à sociedade os esforços que temos empreendido em favor do incremento das ações voltadas para o Ensino Superior.
No que possível for, estamos sempre à disposição na qualidade de uma administração aberta à comunidade acadêmica, propícia ao diálogo e à prestação de serviços à sociedade, de modo geral.
E, como diz o poeta e sente o homem sertanejo: “um galo sozinho não tece uma manhã”. O que do alto enxergamos como grande, maior se faz “com os nossos pés no chão”, sentindo o cimento dos nossos esforços, nesta trajetória de conquistas, oriundas do somatório de vontades e coragens de todos que integram esta Faculdade, o nosso Iguatu, a nossa região.
E, porque não nos faltam utopias, certezas das nossas capacidades, como gaivotas, continuemos a alçar vôos mais ousados! Alvíssaras, haveremos de crescer mais, em favor dos cursos oferecidos pela Faculdade São Francisco do Ceará (FASC).
Esta é a nossa vocação, é o legado que temos escrito, dito, inscrito na história da Faculdade São Francisco do Ceará(FASC), imensurável pela própria atuação.
Cordiais agradecimentos, às irmãs da Filhas de Santa Tereza de Jesus, e, em especial a irmã Elcy, pela condução para a concretização desse ideal
Reafirme-se o nosso compromisso de defender os mesmos ideais de Educação
Vera Lúcia Soares de Oliveira Claudino
Diretora Presidente da FASP/FASC
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