No dia 23 deste mês completam-se dois anos da morte do melhor dos amigos; um irmão de alma. A você, VELHO AIRTON, este nosso poema simbolista.
SPECTRA
Foi o vento… foi o vento noturno…
O vento brincalhão das horas mortas…
Quem revirou as imagens dos santos;
O mesmo vento que abre e fecha as portas.
Quem revirou as imagens dos santos?
Quem vê? No cemitério a noite é escura.
Talvez um cão doente. Anjos ao chão…
Flores pisadas… vultos da Amargura!
Não há passos nem rastros. Só a distância
Que o semblante dos mortos insinua.
Da luminária o vidro foi quebrado;
Quem andou por aqui à luz da lua?!
Sinos ouviram-se, os portões rangeram,
Como se por alguém que era esperado.
Mas as Sombras navegam em silêncio…
Rezas sozinho. Ninguém ao teu lado!
Quando a flor morre o seu nome ainda é flor.
Por quê? A alma olha-se em um lago…
E vê suas memórias como pétalas
De algum perfume estranhamente vago…
O olhar não vê; cheiros e sons são música…
Das nossas mãos esvai-se o que tocamos…
Só o gosto das tardes quando morrem
Parece que sentimos… ou lembramos.
E esta saudade leve que flutua…
Sobre as pequenas urzes pelos cantos…
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Quem passou por aqui à luz da lua?
Quem revirou as imagens dos santos?!!!
Professor Doutor Everton Alencar
Professor de Latim da Universidade Estadual do Ceará (UECE-FECLI)
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