O setor industrial na economia iguatuense

23/01/2021

Klériston Monte (Economista)

A economia de um certo ente federativo, seja País, Estado ou Município, é quantificada pela dimensão do seu Produto Interno Bruto (PIB), seja a preços correntes (p/c) ou seja real (r).

No Brasil, o órgão responsável por apresentar referidos valores é o IBGE, que metodologicamente fraciona a totalidade do PIBp/c nas seguintes atividades: agropecuária, indústria, serviços, administração e imposto, líquidos de subsídios.

O escopo do presente trabalho é, a partir das informações fornecidas pelo IBGE, realizar uma análise não muito minuciosa da participação do setor industrial quanto a seu valor adicionado bruto a preços correntes na economia iguatuense e em outras economias do Estado do Ceará, no período compreendido entre os anos 2015 e 2018, último ano e de recente disponibilização dos dados ofertados pelo Instituto quanto ao Produto Interno Bruto a preços correntes.

Analiticamente podemos fazer o estudo comparativo e evolucionista do PIBp/c considerando a sua performance no contexto do próprio ente ou entre diferentes entes federativos.

A Tabela 1 apresenta o comportamento do PIB p/c, da indústria, da participação da indústria na composição do PIBp/c, da população e da indústria per capita (R$) no Município de Iguatu para o lapso temporal entre 2015 e 2018.

 

Tabela 1- Comportamento do PIB p/c, da indústria, da participação da indústria no PIBp/c, da população e da indústria per capita (R$) em Iguatu entre 2015 e 2018

Anos PIB p/c Indústria % Ind.no PIB População Indústria per capita(R$)
2015 1.360.229,29 136.249,07 10,01 101.386 1.343,86
2016 1.422.457,53 117.788,53 8,28 102.013 1.154,64
2017 1.501.965,86 105.589,74 7,03 102.614 1.028,99
2018 1.613.277,87 119.455,45 7,40 103.074 1.158,92

Fonte – IBGE(2020). Elaboração própria

Verifica-se, assim, que em 2015 o PIB p/c (R$x1000) cravou 1.360.229,29, o valor adicionado bruto a preços correntes da indústria (R$x1000) atingiu 136.249,07, refletindo destarte que no ano em tela a indústria participou com 10,01% na formação do PIBp/c, já a população alcançou 101.386 habitantes ao tempo em que a indústria per capita atingiu R$ 1.343,86.

Fazendo a mesma descrição para os anos seguintes, verifica-se que em 2018 o PIB p/c (R$x1000) saltou para 1.613.277,87, ao tempo em que o valor adicionado bruto a preços correntes da indústria (R$x1000) alcançou 119.455,45, o que fez com que a participação da indústria na composição do PIBp/c subisse para 7,40% e como a população no referido ano chegou a 103.074 iguatuenses a indústria per capita ancorou em R$ 1.158,92.

Logo entre os anos 2015 e 2018 o PIB p/c e a população cresceram, respectivamente, 18,60% e 1,66% ao tempo em que o valor adicionado bruto a preços correntes da indústria e a indústria per capita diminuíram, respectivamente, 12,32% e 13,76%, o que denota que o desempenho das outras atividades econômicas foi capaz de compensar representativa perda do segmento industrial. Veja Tabela 2 adiante.

 

Tabela 2- Variação representativas entre 2015 e 2018 na economia de Iguatu

Anos 2015/2018 Variação do PIB p/c Variação da participação da Indústria no PIB Variação da População Variação na Indústria per capita (R$)
Iguatu 18,60%  – 12,32% 1,66% – 13,76%

Fonte – IBGE(2020). Elaboração própria

Outra modalidade de se pormenorizar comparativamente as variáveis econômicas anteriormente enfatizadas pode ocorrer quando, a partir de Municípios selecionados, confortamos tais informações. Assim o Quadro 1 apresenta algumas variáveis econômicas representativas dos Municípios de Horizonte, Itapipoca, Iguatu, Maranguape e Crato, que estam no ranking das economias dos Municípios do Estado do Ceará entre 9° e 13° lugares relativamente ao PIB p/c (2018).

À luz das informações contidas no Quadro 1 abaixo, verifica-se que, apesar de Maranguape ter a menor população, foi o detentor em 2018 do maior PIBp/c e que possuiu 36,78% de participação do segmento industrial na formação do seu PIB, sendo seguido por Maranguape com 21,17%, Itapipoca com 16,15%, Crato com 9,10% e finalmente Iguatu  com 7,40%, expressando que dentre os Municípios selecionados o setor industrial iguatuense foi menor do que os outros na formação do PIB a preços no ano de 2018, a despeito de sua economia ter sido maior do que Maranguape e Crato.

 

Quadro 1 – Valores do PIB p/c e valor agregado da indústria p/c no PIB p/c em 2018, participação da indústria do PIB em 2018 e população estimada 2020.

Município PIB p/c (R$x1000) Indústria p/c (R$x1000) % Ind.no PIB População(2020)
Horizonte 1.704.636,41 627.086,98 36,78% 68.529
Itapipoca 1.648.263,61 266.205,68 16,15% 130.539
Iguatu 1.613.277,87 119.455,45 7,40% 103.074
Maranguape 1.498.306,07 317.293,37 21,17% 130.346
Crato 1.348.193,76 122.761,54 9,10% 133.031

Fonte – IBGE(2021). Elaboração própria

A importância da esfera industrial na constituição do PIB p/c em Iguatu caiu 2,98% entre os anos de 2015 e 2017. Entre 2017 e 2018 aumentou 0,37% o que reforça a conclusão de que o crescimento econômico no lapso 2015/2018 ocorreu devido ao protagonismo dos outros setores, o que implica que devemos olhar a indústria sob uma outra ótica e tentarmos subtrair os eventuais, ou estruturais, impedimentos que travam sua evolução natural.

O presente artigo não tenciona ser apocalíptico quanto a existência do dinamismo do setor industrial no Município de Iguatu, todavia a literatura econômica, independentemente da escola do pensamento, é unânime em concordar que é impossível imaginar uma economia que vivencie um crescimento continuado e sustentável sem a superação dos óbices impulsionadores do dinamismo do segmento industrial.

A desindustrialização é um fenômeno global e precisa ser melhor tratada, somente assim a economia como um todo poderá crescer de forma equilibrada e continuada e não há nenhum demérito em relação aos demais setores econômicos, que são igualmente importantes em qualquer economia.

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