No mês de maio é mais comum encontrar pelas ruas da cidade, nas repartições, escolas, no comércio ou mesmo uma vizinha, uma amiga que veste branco, na maioria mulheres e todas devotas de Nossa Senhora de Fátima.
Nesse período, muitos católicos consagram o mês de maio a Nossa Senhora. Algumas pessoas usam branco todo o mês, outras somente no dia 13 de cada mês ou mesmo durante o ano inteiro e até mesmo dependendo da fé para a vida toda. Tudo isso como forma de agradecimento às graças concedidas por Deus, por intercessão de sua Imaculada mãe. O branco representa paz, a pureza. E por trás das vestes brancas há relatos emocionantes, muitas histórias de fé e devoção à mãe de Jesus Cristo.
Do deitar ao levantar
“Eu sou católica praticante e muito devota de Nossa Senhora. Comecei a vestir branco há dez anos, quando no nascimento de um sobrinho, naquela agonia no Hospital Regional, a gente soube que ele ia ser transferido para Fortaleza por conta de um problema que aconteceu na hora do parto. Eu fui à capelinha do hospital e fazendo minhas orações pedi a Nossa Senhora que ela pudesse interceder, porque ela como mãe pode interceder junto a seu filho Jesus por cada um de nós. Se meu sobrinho fosse salvo e voltasse com saúde, eu iria vestir branco, durante o mês de maio. Não seria uma troca, mas um agradecimento, eu vestiria branco pelo resto da minha vida durante todo mês de maio. Como novembro é o mês dedicado à Nossa Senhora das Graças, no mês seguinte eu praticamente comecei a vestir branco o mês todo. Para me lembrar que Nossa Senhora está sempre intercedendo por mim junto ao seu filho. E todo o mês de maio, do dia primeiro ao dia 31, visto branco, do deitar ao levantar. Além da fé. Eu acredito muito em Nossa Senhora, sei que os milagres vêm de Jesus, mas ela roga e intercede por nós”, relata a comerciante Graciana Gomes de Oliveira.
Ela ressalta que além de vestir branco, participa do novenário que acontece na comunidade onde mora, Distrito de Suassurana, e da Coroação. “Eu gosto de testemunhar minha fé em Nossa Senhora, pois são muitas graças”, disse.
Só quem aperreia
“Quando descobri que estava grávida, comecei o pré-natal da minha filha Maria Izabell, com uma médica daqui de Iguatu. Quando ela viu na carteira de vacinação que eu tinha tomado a vacina da rubéola, automaticamente disse que não era para eu ter engravidado, porque com essa vacina, a mulher tem que esperar pelo menos três meses para engravidar, e no caso a minha só tinha um mês e pouco dias. A médica falou que a minha filha podia nascer com alguns problemas de saúde, alguma deficiência, por exemplo, cega, surda. Logo que saí do consultório, já pedia a Nossa Senhora de Fátima que colocasse minha filha no mundo com saúde e sem nenhum problema por conta dessa vacina. E prometi que assim que ela nascesse, todos os dias 13, durante 10 anos, eu iria à missa dedicada a Nossa Senhora. Íamos eu e a Bel vestidas de branco, além da missa de maio. Como eu tinha pressão muito alta, tinha muito medo de morrer, então pedi que Nossa Senhora me deixasse viva para cuidar da minha filha, e assim ficaria 10 anos vestindo branco todo mês de maio, e todo dia 13, durante 10 anos. Agora renovei minha promessa, quando fui me operar, que se tudo desse certo, eu vestiria branco dia 13 para o resto de minha vida. Eu até brinco, só quem aperreia Nossa Senhora, e graças a Deus, por intercessão dela, tenho minhas graças alcançadas”, relembra a dona de casa Rafaele Gonçalves.
Sonho e diagnóstico
E as histórias e relatos de vestir o branco são muitos. A maioria relacionada a problema de saúde. “A minha Graça já tem 16 anos. Quando João Wellisson nasceu, tinha refluxo urinário. E na época nenhuma pediatra em Iguatu a que levamos, diagnosticou a doença. Eu vivia com ele nas médicas que diziam que era cólica. Fazia exame de urina e não apresentava infecção urinária, não dava nada. Um dia eu sonhei com Nossa Senhora dizendo que eu levasse meu filho a Fortaleza, porque meu filho tinha refluxo. Quando eu contei essa história, uma das médicas até riu. Depois de três meses, essa mesma profissional pediu para levar meu filho a Fortaleza. Levamos numa nefrologista indicada por ela. E lá em Fortaleza até os exames que ela pediu não apresentaram nada de infecção urinária, e insistiam em dizer que ele não tinha refluxo urinário. A médica, mesmo relutando, concordou comigo e pediu uma ‘uretrocistrogafia’ que é o exame que diagnostica a doença. O médico que estava fazendo o exame na hora disse que ele tinha refluxo urinário de terceiro grau. Um caso raro porque não deu acompanhado de infecção urinária. “Se você não tem cuidado a tempo, ele poderia ter perdido um dos rins”. E partir daí só aumentou minha fé em Nossa Senhora. E visto branco todo dia 13”, declarou a funcionária pública Soraya Magalhães.
Pureza, paz, castidade
Para a igreja, o branco lembra pureza, a paz. No batismo, por exemplo, a pessoa é batizada revestida de branco. “O branco está muito presente na igreja. Quando somos batizados, os noivos quando vão casar, porque eles casam de branco, tem esse sentido da pureza, da castidade. O véu branco na roupa de Nossa Senhora. A cor branca acompanha a igreja. Quando tem festa de um santo, por exemplo, que não foi mártir, que não foi morto, celebra-se com a cor branca. Tem esse sentido. Já quando se refere à questão devocional a Maria, há relatos de pessoas que nessa profunda devoção fazem promessas. E alcançando aquela graça, a pessoa passa a vestir branco por um determinado período ou por toda vida. Isso como propósito de vestir branco mais comum no mês de maio. Mas a questão é a devoção a Maria, por exemplo, Nossa Senhora de Fátima está com um grande véu branco. E o que ela pede nas aparições em Fátima o que é: a Paz, que é representa pela pomba de cor branca ou a própria cor branca. Então tem todo esse simbolismo. No mês de maio, que terminou ontem, refere-se a Maria que está revestida da cor branca. Aquela pessoa que viveu no pecado e se purificou. A cor branca tem esse simbolismo muito forte e as pessoas aderem a essa prática religiosa de promessas, de vestir o branco. As pessoas que são curadas, recebem uma graça. É muito forte isso”, disse o padre Herlândino Paiva, vigário da paróquia de Nossa Senhora da Conceição, Sé Catedral de Sobral.
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