Albert Samain (1858-1900), francês, foi um simbolista puro. Um prince da Turris Eburnea, discípulo de Baudelaire e de Verlaine. Teve vida humilde, marcada por sacrifícios. Trabalhou em modestos empregos e viveu praticamente olvidado, à l’ombre. Sua poesia é pessimista, feita de renúncias e de profunda sugestividade. Tal como Verlaine, é um bardo da rêverie, do vago, do penumbrismo. Traduzimos para o leitor, em octossílabos, metro original do poema, um dos seus sonetos.
HEURES D’ÉTÉ
Apport les cristaux dorés,
Et les verrres couleur de songe:
Et que notre amour se prolonge
Dans les parfums exaspérés.
Des roses! Des roses encore!
Je les adore à la souffrance.
Elles ont la sombre attirance
Des choses qui donnent la mort.
L’été d’or croule dans les coupes;
Le jus des pêches que tu coupes
Eclabousse ton sein neigeux.
Le parc est sombre comme un gouffre…
Et c’est dans mon coeur orageux
Comme un mal de douceur qui souffre.
HORAS DE VERÃO
Ao lado dos cristais dourados
E das taças cor de sonho;
Que o nosso amor se prolongue
Nos perfumes exasperados.
E rosas sempre, em profusão!
Rosas, que têm a propensão
Ao sofrimento, o mais forte;
E às coisas que se dão à morte.
O áureo verão pelos recantos…
E os teus pecados, que são tantos,
Mancham teu seio cor de neve.
Sombrio é o parque, nubiloso;
E em meu coração tempestuoso
Há um mal de doçura a sofrer.
Professor Doutor Everton Alencar
Professor de Latim da Universidade Estadual do Ceará (UECE-FECLI)
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