Nesta edição do A Praça o leitor acompanha entrevista exclusiva com o novo diretor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, campus Iguatu, professor Francisco Heber da Silva. O entrevistado fala sobre o processo da eleição, os desafios que terá pela frente, as metas a serem atingidas e as expectativas em relação aos investimentos no órgão federal, em nível local, mediante o momento político e socioeconômico que o país vive
A Praça – O senhor foi eleito novo diretor do IFCE Iguatu para um mandato de 04 anos. Como se deu o processo da eleição?
Heber – O processo ocorreu por meio de Consulta Pública, prevista em edital, em que participaram servidores (professores e técnicos administrativos) e estudantes regularmente matriculados.
A Praça – O senhor foi empossado nesta semana e foi direto trabalhar na gestão do campus. Muita coisa a fazer?
Heber – Com certeza. Na verdade desde que fomos declarado eleito em 13 de novembro, temos trabalhado a transição de gestão com o intuito de nos apropriarmos de todas as demandas existentes, que condicionarão a elaboração de um bom planejamento.
A Praça – Com a pandemia, nada mais está dentro da normalidade. Mas em se tratando do processo de eleição, do novo diretor do IFCE, nomeação e posse do eleito, o que aconteceu que fugiu ao modo tradicional como era feito antes?
Heber – O processo de eleição se deu em caráter remoto, por meio de um sistema chamado helios voting, aprovado pelos órgãos de controle. Além desse sistema remoto, foram disponibilizados terminais de votação nas duas unidades do campus para pessoas com dificuldade de acesso à internet. A nomeação e posse, antes realizadas em solenidade presencial, ocorreu a partir de publicação de Portaria em Diário Oficial da União.
A Praça – Quais são as metas que o senhor pretende alcançar durante sua gestão à frente do IFCE?
Heber – A principal meta é manter o nível de excelência e qualidade no ensino, que nos permitiu ser referência como Instituição Pública de Educação em Iguatu e Região. Pretendemos também ampliar o fomento à pesquisa, haja vista que temos um quadro de professores em sua maioria Doutores, e nos aproximarmos ainda mais da comunidade externa, a partir de cursos e projetos de extensão.
A Praça – Quais os maiores desafios do campus, hoje, em relação à assistência aos estudantes, mediante o quadro da pandemia?
Heber – O IFCE possui uma Política de Assistência estudantil que prevê inúmeras ações e projetos com vistas à permanência dos estudantes na Instituição. Dentre essas ações, temos os auxílios pecuniários, de transporte, moradia, óculos, de formação, enfim. E nesse contexto atual, incrementamos mais dois auxílios, o emergencial e o internet, ainda vigentes. Além de toda essa rede de proteção, precisamos preparar a Instituição para o pós-pandemia, garantindo a toda comunidade o cumprimento dos protocolos sanitários no campus, e acolhida socioemocional.
A Praça – Um sonho de estudantes e pais do Centro-Sul é a instalação e funcionamento do curso superior de Veterinária. Este projeto já foi anunciado pelo IFCE para ser implantado. Em que fase ele está?
Heber – De fato, a nossa Instituição é sempre reconhecida como campus em potencial capaz de oferecer esse curso superior em Veterinária, tão almejado pela comunidade. No presente momento temos um projeto elaborado de intenção a essa oferta, elaborado por servidores, a partir de um estudo de potencialidades que contou com a realização de audiência pública. Iremos nos apropriar melhor desse projeto para que possamos compreender a viabilidade de implantação, considerando as exigências previstas de ordem pessoal, estrutural e orçamentária.
A Praça – Nos últimos 04 anos desde a ascensão de Michel Temer à presidência, os campi dos institutos viveram drásticos cortes no repasse de recursos, alguns deles chegando até a fechar sem condições de funcionamento. O IFCE de Iguatu foi afetado por esses cortes? Como o senhor pretende fazer para resgatar principalmente os recursos para o setor de investimentos no próprio campus?
Heber – As instituições públicas têm sofrido muito com o contingenciamento do orçamento, e em nosso campus não tem sido diferente, somos em 02 unidades (Areias e Cajazeiras), que exigem portanto uma atenção sempre dobrada quando o assunto é orçamento. Para esse ano, por exemplo, já se prevê uma queda no custeio (rubrica de funcionamento das instituições) na ordem de 19%, o que exigirá esforço desmedido da nossa gestão no tocante à garantia do nível de qualidade. Além desse esforço hercúleo, precisaremos contar com editais públicos de fomento à pesquisa que atraem investimentos para o campus.
A Praça – Os cursos de nível médio, técnicos-profissionalizantes sempre estiveram no topo dos investimentos do campus do IFCE Iguatu. Esta ação continuará recebendo atenção especial em sua gestão?
Heber – Sem dúvida, nesses últimos anos tivemos uma crescente considerável nas matrículas em cursos técnicos de nível médio, nas modalidades integrado (04 cursos) e subsequentes (06 cursos), perfazendo um percentual de 50% de todas as nossas matrículas. Ainda assim, pretendemos ampliar esse número, por meio da oferta de cursos que vislumbrem os anseios da comunidade em que estamos inseridos, proporcionando muito além da formação técnico-profissional, como também as formações cidadã e humanística, função social da nossa Instituição.
A Praça – O IFCE conseguiu fechar o ano letivo de 2020, apesar dos atropelos da pandemia? Houve muita evasão, desistência, reprovação? Os estudantes que ficaram para trás, se quiserem tentar novamente terão que voltar e repetir tudo?
Heber – Ainda não. No momento estamos trabalhando o semestre 2020.2 em todos os cursos técnicos e de graduação. Infelizmente já há dados, apesar de não consolidados, que apontam para evasão e reprovação, consequências de um contexto atípico e inesperado. No processo de retorno às atividades letivas, em caráter remoto, alguns estudantes optaram pela não adesão a esse formato, tendo assim matrículas devidamente trancadas. Ao reingressarem, terão que recomeçar seus estudos, a partir da etapa em que trancaram.
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