São José, padroeiro do Ceará, também é celebrado em Iguatu, mas por conta da pandemia do novo coronavírus e da adoção de medidas restritivas mais rígidas, as celebrações deste ano aconteceram de forma virtual na catedral, e em outras comunidades rurais até cancelaram os festejos. No Distrito de Baú, a devoção ao santo este ano completa 125 anos, mas não teve festa religiosa. “Infelizmente desde o ano passado que por conta dessa pandemia tivemos que suspender nossa tradicional festa do nosso padroeiro”, lamenta o engenheiro agrônomo Mauro Nogueira.
Mas a capela dedicada a São José foi aberta ontem, sexta-feira, 19, dia dedicado ao santo apenas para que as pessoas de forma silenciosa e sozinha pudessem rezar. “Desde criança que me acostumei a vir para novenas aqui na nossa capela. É um mês inteiro de celebração, senti muita falta, até me emociono ao vir aqui e ver essa capela vazia, sem ninguém porque aqui quando tem missa fica lotado. Vim agradecer a Deus por nossa saúde e renovar as preces na esperança que esse vírus acabe logo”, ressalta a agricultora Geilza Gonçalves.
Padroeiro do distrito de Baú, a devoção ao santo foi fortalecida desde o surgimento da capela, erguida há 125 anos, pelo coronel José Alves de Oliveira, como forma de pagar uma promessa por uma graça alcançada, depois que a esposa dele e o filho conseguiram resistir depois de um parto complicado. Mas por conta da pandemia, desde o ano passado que o novenário não acontece, como de costume. “Aqui debaixo deste fícus benjamim chegava a ter mais de mil pessoas durante a celebração da missa campal, que acontece às 10h, mas não pudemos fazer, mas está programada para o próximo dia 28, uma celebração que será transmitida via internet pelas redes sociais”, destaca Mauro Nogueira.
Mas, mesmo diante das dificuldades, a fé no santo permanece viva e é crescente entre os moradores. Aos poucos o local vem sendo preparado para quando puder receber os devotos. Ao lado da capela foi construído um espaço de convivência, que vai abrigar as pessoas durante as missas e eventos da igreja. O local foi nomeado de Dona Zenauda, uma justa homenagem a Zenauda Nogueira, (in memorian), matriarca da comunidade, devota de São José.
Na comunidade é forte a religiosidade dos moradores. A devoção a São José está ligada à crença de um bom inverno. Entre os pés de milho, seu João Souza, 64, começou a catar vargens de feijão, fruto dessa primeira safra do inverno. Devoto fervoroso, agradece pela safra deste ano. “Pra gente aqui, podemos até dizer que o que estávamos vivenciando é um milagre. Isso porque nossas lagoas que estavam secas estão com água, já estamos colhendo um feijão pra comer em casa. Apesar dessa doença que tá no mundo matando tanta gente”.
Depois dos últimos oito anos seguidos de seca, o acumulado de chuvas deste ano no distrito de baú já ultrapassa os 500 mm. Favorecendo não só uma boa produção agrícola, mas também aporte nos reservatórios da localidade. Situação que vai ajudar a manter água no lençol freático que abastece os poços da comunidade. “A gente estava precisando mesmo desse milagre. A gente viu a hora o poço não aguentar e secar. Mas Deus mandou a chuva na hora certa. Me apeguei a São José, a Jesus e Senhora Santana”, comemora o agricultor João Souza.
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