Entre um monte de lixo recém-despejado, encontramos Maria Pereira, que há 20 anos trabalha no lixão de Iguatu, no Bairro Chapadinha, às margens da CE-282. Segundo ela, foi a falta de oportunidade que levou a família a trabalhar no local, de onde tira o sustento com a catação de material reciclável, isso porque ela foi para ajudar o marido, acabou se acostumando com o trabalho pesado e vulnerável. Com o passar do tempo, entraram no mesmo ramo os dois filhos do casal. “Eles depois que ficaram maior de idade, também vieram pra cá. Hoje somos todos nós”, explicou, enquanto catava sacolas plásticas e outros materiais que podem ser reaproveitados.
É da coleta de material reciclável que Maria Pereira tira o sustento que ajuda a manter a família. Em média consegue R$ 200,00 por semana. Mas o ganho já foi bem mais. “A gente ultimamente tem sofrido para fazer pelo menos esse valor. Isso porque antes era bem melhor. A gente tirava uns R$ 420,00, até mais por semana. Agora está fraco demais. Piorou por conta dessa pandemia”, lamentou a catadora continuando o trabalho.
Alternativa de renda
Por conta da pandemia do novo coronavírus, muitas pessoas que tinham até mesmo emprego fixo, acabaram indo parar no lixão. “Se tornou essa alternativa de renda para muitas pessoas”, diz Rosimeire Silva, presidente da Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Iguatu afirmando que a quantidade de pessoas que passou a trabalhar no lixão mais que dobrou. “A gente tinha aqui umas 30 pessoas cadastradas, agora tem 64 pessoas cadastradas, fora os que aparecem sem ser cadastrados. A gente não pode desamparar ninguém. Acaba reduzindo o nosso ganho, mas nossa associação está aberta para todos”.
No Ceará, mais de 2 mil catadores de materiais recicláveis serão beneficiados com o auxílio que foi repassado durante seis meses ano passado durante a pandemia, e que a partir deste ano passa a ser permanente, como pagamento mensal de 25% do salário mínimo. “Seis meses do ano passado, durante a pandemia a gente ganhou esse benefício. Agora que vai passar a ser permanente vai ser melhor ainda, porque é um complemento que vai ajudar a pagar uma conta de água, de energia. Até o ano passado, a gente recebeu R$ 261,00. Não sabemos o valor ainda deste ano, mas esperamos ansiosos para receber esse dinheiro”, respondeu Rosimeire Silva.
Auxílio Catador
No Ceará, mais de 2 mil catadores de materiais recicláveis serão beneficiados com o programa Auxílio Catador do Governo do Estado do Ceará, por meio da Secretaria do Meio Ambiente, que tornou o programa uma política pública social permanente.
Inicialmente no Ceará foram habilitados mais de 2.200 catadores inscritos em 70 associações ou cooperativas, de 65 municípios cearenses, que foram habilitados para receber o auxílio de acordo com os critérios do programa.
Mário Rodrigues, secretário do Meio Ambiente local, avalia que o governo está retribuindo o serviço prestado por esses trabalhadores. “Esse programa serve para reconhecer o trabalho e a contribuição dessas pessoas à sociedade e ao meio ambiente”, apontou. Ainda segundo o gestor da pasta, o Auxílio Catador é um estímulo importante, mas não vem de graça. “As pessoas beneficiadas neste primeiro ano devem comprovar a coleta mínima de pelo menos 200 quilos de material. No ano seguinte, 300 quilos”, finalizou.
Esse auxílio também vem somar e servir de estímulo para programas já implantados e que estão em processo de implantação no município voltados para o meio ambiente. “Vamos começar em breve o programa de coleta seletiva de lixo. Vamos começar pela região central, como piloto para estender para outros bairros da cidade e zona rural”, ressalta Rodrigues.
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