O número de pessoas vacinadas em Iguatu contra a Covid-19 superou nesta última semana o de pessoas infectadas pelo vírus, é o que indica a plataforma de acompanhamento independente do município. Até ontem, sexta-feira (26), foram 11.128 doses dos imunizantes administradas, enquanto os casos confirmados são pouco mais de 6 mil. A última atualização mostrava que 8.237 iguatuenses receberam a primeira dose da vacina.

Com uma população estimada em 110 mil habitantes, o número ainda não tem muita relevância para a situação do município, já que grande parte dos iguatuenses não recebeu o imunizante e apenas a primeira dose não garante proteção contra o vírus.

De acordo com especialistas, o cenário apresentado indica a proteção apenas para um público específico em um momento de alta circulação viral, ou seja, ainda não causa impacto na situação epidemiológica de Iguatu. “A chamada imunidade coletiva só é atingida quando um porcentual significativo da população estiver imunizado. Nesse cenário, ainda há muita luta pela frente”, afirmou Fernando Wilson, secretário de Saúde de Iguatu.

Ainda não há uma estimativa certa da porcentagem de vacinados para que haja um impacto na pandemia, no entanto, estima-se que seja necessário vacinar cerca de 60% a 70% da população. Mesmo com a vacinação, é muito importante continuar seguindo as medidas de biossegurança e restrições até que a taxa de imunizados esteja mais elevada.

Mais de 6mil idosos foram vacinados em Iguatu – Foto Divulgação

Mortes

Os impactos começarão a surgir a partir do momento em que a imunização atingir uma porcentagem acima de 70% da população, no entanto, o vírus ainda vai continuar circulando. “O primeiro impacto é nos óbitos e internações. Mas a circulação viral ainda se mantém”, acrescentou o secretário.

Iguatu contabiliza o mês de março como sendo o mais letal proporcionalmente. 18 mortes foram somadas às estatísticas. No quadro geral 128 pessoas perderam a vida desde 1º de abril de 2020 na cidade.

Esgotamento

A cidade de Iguatu atingiu nesta sexta-feira, 26, o recorde de ocupações dos leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI), registrando 96,6%. Entre quadros confirmados e suspeitos, 28 pacientes de Iguatu e região são acompanhados. Até então o município nunca havia contabilizado o percentual desde que os 30 leitos estão disponíveis simultaneamente.

No Hospital e Maternidade Agenor Araújo (HMAA) o único leito ainda vago, conforme informações obtidas pela reportagem, não apresenta disponibilidade em função de problemas técnicos.

O dado faz com que Iguatu chegue ao esgotamento do sistema de saúde dos três hospitais que estão na linha de frente do combate à pandemia da COVID-19. O mês de março já dava sinais de um colapso quando registrou também por três dias ocupações 93,3% dos leitos, sequencia essa jamais vista.

Lotes

No último final de semana, chegaram 4.160 doses, o maior lote enviado ao município desde o início da campanha. Número que fez ser possível avançar o plano de vacinação. Na quarta-feira, 24, a pasta da saúde local anunciou o número recorde de mais de 2.300 aplicações. Iguatu concentra esforços na segunda fase de vacinação contra a Covid-19, vacinando profissionais de saúde que atuam na linha de frente da pandemia e idosos a partir de 70 anos.

MP

O Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) por meio da promotoria da comarca de Iguatu expediu, segunda-feira, 22, recomendação à Prefeitura e Secretaria da Saúde de Iguatu utilizem critérios objetivos a fim de executarem o plano de vacinação dos grupos prioritários, com base no maior grau de exposição e risco à vida. Nas recomendações, o MPCE requer, ainda, que o município apresente um plano de vacinação contra a Covid-19, com a lista completa dos profissionais de saúde na categoria de grupo prioritário.

No documento, o MPCE recomendou que o município deixe imediatamente de imunizar, como grupo prioritário, os profissionais de saúde que não atuam efetivamente na linha de frente de combate à pandemia. Devendo, portanto, ser vacinados apenas aqueles que estejam na linha de frente ou que, não estando, tenham maior grau de exposição à Covid-19, tais como profissionais, inclusive de outras áreas, que trabalham na assistência à saúde dos pacientes em hospitais e unidades de saúde.

Também foi solicitado que não sejam incluídos na lista de prioridade os profissionais que trabalham nos serviços de assistência à saúde, cuja atividade não apresente maior risco do que outras.

A população idosa de Iguatu já recebe a primeira dose do imunizante – FOTO Divulgação