Cauby Fernandes*
Ao assistir àquela pequena rusga protagonizada no início dessa semana pelo Ciro Gomes (PDT) e pela Maria do Rosário (PT), pude, utilizando aqui um dos jargões mais batidos da esquerda, “problematizar” alguns pontos. Vamos a eles!
A petista falou em “unidade” – crasso erro -, parecendo esquecer-se das subdivisões internas existentes no próprio partido. Alguém se lembra ainda da reviravolta nos rodízios do PC do B com a Manuela D’Ávila? A permuta resultou no petista Haddad como presidenciável. Pois é. Maria do Rosário esquecera que as decisões sobre os apoios e reprovações vieram do, vejam só, divisor Lula!
Ocorre que a destemperada deputada não suporta que falem a dura realidade para o PT. Não suporta que qualquer um mencione o fato inconteste: Lula está preso e fora condenado em segunda instância! Fim!
Que o Ciro esteja magoadinho com o PT desde a desilusão do não apoio, também não é novidade pra ninguém, não é mesmo? Nisso, creio que ela esteja completamente com a razão, claro. O Ciro, como todo bom cidadão cearense lúcido conceberia, é aquele velho híbrido de coronelismo/socialismo. É uma junção esdrúxula. Quando lhe convém, ‘’baixa-lhe’’ o santo do socialista humanista preocupado com os pobres das periferias de Fortaleza, por exemplo. Quando não, o despotismo, o autoritarismo emerge como jamais antes. Quem nunca assistiu às descomposturas do Cirão, não sabe o que está perdendo. Sugiro que confira tais pérolas no Youtube e inúmeras matérias em sites jornalísticos e demais plataformas do gênero.
O acerto do Ciro ficou por conta de sua constatação sobre as infelizes pautas defendidas pelo PT; sobre a sua (PT) subestimação ao povo religioso e ortodoxo. Bater de frente com pautas polêmicas em um meio predominantemente cristão foi um erro, uma imprudência que não deveria ter acontecido – pelo menos não quando se tem em mente agradar a maioria da nação, que se mostra, claro, conservadora.
Todavia, por mais despreparado que eu considere o nosso presidente (embora bem intencionado), não acho honesto atribuir à sua vitória a tão somente ‘’erros dos adversários da esquerda’’. O candidato do PSL foi eleito porque o povo o escolheu por estar cansado da mesmice. O Lula gabava-se, no Foro de São Paulo, por não haver candidatos de oposição nas eleições brasileiras! Pois bem! Apareceu um que destoava dos demais. Apareceu um conservador, de fato; não um candidato de centro, camuflado de qualquer coisa. Ou seja, Bolsonaro conseguiu ser eleito por não ser de esquerda… e isso é intragável para eles. Não é fácil acordar e ver que o ‘’mundo vermelho’’ ruiu. O resultado é essa briga interna entre eles.
*Contista, cronista, desenhista e estudante universitário
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