Já mencionei várias vezes que a política de hoje não me interessa. Não que eu não esteja preocupado com o hoje, mas sim pelo fado de entender que tais debates políticos não passam de simples batalha de interesse partidário… a política seria só um pretexto, um meio para implantar os seus verdadeiros intentos escusos.
O que incomoda os esquerdistas não é a corrupção, o descaso ou qualquer coisa que se assemelhe; o que os incomoda é assistir, incapazes, à direita crescer no poder, ascender, ainda que os ratos ainda estejam fazendo a festa na câmara e no senado. Eles, sempre mimados, querem todo o poder só pra eles. Não aceitam a coexistência de pensamentos antagônicos, querem a aniquilação em tal espaço-tempo, pela hegemonia esquerdista que perpetuou o nosso país por décadas. O sr. Lula já reconheceu essa falta de concorrência em um vídeo vazado do famigerado Foro de São Paulo.
Dito isto, voltamos ao assunto. Agora surgiram magicamente os críticos do governo. Me pergunto: onde eles estavam quando a era Lula perpetrou o maior esquema de corrupção já ocorrido em nosso país? Cadê a revolta desse povo tão politizado? Será que realmente o que incomoda é a corrupção ou o fato de não terem eleito mais um esquerdista como chefe do executivo?
A mídia marrom, que muito lucrou com a gestão petista, faz seu papel, diuturnamente, de aviltar a direita e ocultar as benesses por ela proferida, mas abafada e distorcida. Ora, meu caro leitor, política não é qualquer coisa, muito menos ainda esse jogo sujo, onde muito pensam estar lutando contra o “mal”, se como do bem “fossem”. Política não é uma questão de visão de mundo rasa orientada por maniqueísmo, mas uma complexidade de engendramentos que se desenvolvem para o bem proceder de uma sociedade sadia, livre de perseguições e despotismo.
O que vemos, no entanto, são chavões risíveis e execráveis de uma horda de descontentes e desonestos frustrados. Seria tolice discutir com esses senhores, preclaro leitor. O mundo deles é o da incongruência: propõem igualdade mediante o seu oposto, o separativismo; propõem a liberdade, mas atrelada à dependência do Estado mediante assistencialismos exorbitantes; e a individualidade, coitada, alijada por meio da coletividade que descaracteriza toda e qualquer particularidade inerentemente humana.
Pretendo, caro leitor, trabalhar um pouco mais esse tema, para além do debate comum, do trivial, da “política do dia”. Ao invés disso, penso que seja infinitamente mais proveitoso analisarmos as suas bases. O farei nas próximas edições desta modesta coluna. Até lá, para começarmos, sugiro a leitura do livro “Esquerda e Direita: perspectivas para a liberdade”, do economista norte-americano Murray Newton Rothbard (1926-1995). Para aguçar o leitor, deixo-o com a sinopse do referido livro:
“A corrente dominante sempre tentará resumir a classificação dos sistemas na dicotomia esquerda/direita. A direita seria a defensora da liberdade econômica e do militarismo, enquanto a esquerda seria favorável ao socialismo e à paz”. Rothbard afirma que esta divisão, além de incoerente, não encontra respaldo na história das ideias. E Rothbard vai além ao afirmar que, tradicionalmente, a direita foi partidária da elite reacionária e do status quo, ao passo que a esquerda historicamente esteve do lado do progresso, da liberdade e da paz. “Estes papéis se inverteram de acordo com a época e o país em questão. No entanto, nestas reviravoltas, a coerência intelectual destes paradigmas ficou confusa ou se perdeu completamente.”
Cauby Fernandes é contista, cronista, desenhista e acadêmico de História
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