E já se foram 20 anos desde que foi lançado o projeto da obra de ‘Contenção de cheias e via paisagística’ da margem esquerda do rio Jaguaribe, em Iguatu. O ano era 2001, aos olhos da população era um auspicioso passo alcançando a modernidade das obras públicas de engenharia e arquitetura, quebrando as correntes que prendiam a cidade no passado, abrindo portas para um futuro promissor. 20 anos depois, a obra tão desejada pelos seus idealizadores, engenheiros e arquitetos, que se desdobraram em pesquisa, cálculos e desenhos, para projetar um oásis numa área criticamente erma, continua sendo ainda mais necessária para a cidade.
O projeto criado pela empresa Hidroterra S.A Engenharia e Comércio integrava o 2º Plano Diretor de Iguatu e causou, de fato, espanto, no meio da sociedade, da época, por ser ousado demais. Ele era tão robusto e tão preciso, que duas décadas após ter sido apresentado, continua atualizado.
Paulo Cézar Barreto, renomado arquiteto de Iguatu, hoje aposentado, após 30 anos de serviços prestados ao município, na época acompanhou e ajudou a montar a proposta do projeto, cujos estudos foram iniciados em 1999 envolvendo amplo debate e discussão com a comunidade e a sociedade. Em artigo enviado ao Jornal A Praça sob o título de Rio “Invisível” (leia na página 2), Paulo Cézar faz uma leitura precisa contextualizando o que foi o estudo, e o nascimento do projeto com todas as suas nuances e ideias. De acordo com o arquiteto, o objetivo “é lançar uma reflexão sobre as alternativas e possibilidades, dos muitos e importantes temas que afetam a sociedade e transcendem governos e o tempo”. De acordo ele, a ideia central é projetar uma visão histórica da cidade, suas necessidades, limitações e carências das grandes obras estruturantes, no âmbito do enfrentamento das questões ambientais e urbanas.
Revitalização
Quão importante seria para Iguatu, especificamente para aquela degradada e esquecida área da cidade, uma obra do porte da ‘Contenção’. Revitalizar um escopo da cidade espremido entre a margem de um rio agredido, ambientalmente falando e os imóveis, de toda a extensão, compreendendo o início da Rua Alfredo Leopoldo (ao lado da ponte metálica), indo até a Rua Francisco Adolfo no bairro Bugi. A via paisagística que contemplaria um conglomerado de equipamentos de lazer e o dique de projeção, evitando os transtornos das águas do Rio Jaguaribe invadindo a cidade, como historicamente a população já vivenciou.
Além do dique de contenção de enchentes, o conjunto de equipamentos planejados para a histórica obra ajudaria não só a urbanizar uma região marginalizada da cidade, mas também revitalizar uma área nunca valorizada, do ponto de vista dos investimentos em iluminação, pavimento, equipamentos esportivos, praças de alimentação, anfiteatro, pistas de cooper e ciclismo.
Na época do lançamento, abril de 2002, a ideia era que o projeto fosse custeado num tripé de convênios envolvendo o Banco Interamericano de Desenvolvimento-BIRD, Governo do Estado, através do Prourb e a Prefeitura. Os recursos, naquele ano, estavam calculados em milhões de dólares, mas o projeto nunca foi executado.
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