“A História é um conjunto de mentiras sobre as quais se chegou a um acordo”.
Napoleão Bonaparte
Se há algo no qual a esquerda não é boa, é em relatar a história (seja ela qual for, mas refiro-me, aqui, precisamente sobre acontecimentos históricos). Na realidade, há inúmeros outros desserviços e incompetência dessa ala eufórica, mas vou ater-me apenas a esta em particular.
Primeiramente, penso que a maneira simplista com a qual encaram os fatos, ‘‘problematizando-os’’ pela via do velho e chatíssimo maniqueísmo de sempre, torna o evento ocorrido empobrecedor, carente de raiz profunda, desprestigiando e ignorando nuances bem mais complexas do que, como percebe-se, se perde pela dicotomia infantil do ‘‘bem x mal’’.
É como se a história de um povo estivesse fadada a viver em uma eterna atmosfera de novela mexicana. Perceba a analogia: De um lado, um homem rico, soberbo, ambicioso e sem escrúpulos; do outro, uma pobre moça alegre, honesta, humilde… a personificação da santidade… Agora, preclaro leitor, traga isso para qualquer evento histórico, e veja se não foi assim que nos ensinaram na escola.
Em relação aos portugueses e os índios, por exemplo, nos é apresentada a referida atmosfera do ‘‘bem contra o mal’’ – sendo o bem os índios, e os maus, os portugueses navegantes. Quer outro exemplo de história mal contada? Capitalismo x Socialismo. O primeiro é o hades em terra, pregaria qualquer esquerdista com sua camiseta do Guevara. Já o segundo, para o mesmo simpático ao sistema utópico, diria que é uma espécie bíblica de ‘‘terra prometida’’ pelo sr. Karl Marx.
Eu poderia citar mais exemplos, mas creio que já fui bem claro; assim sendo, vamos permanecer na essência – a de que a visão dos acontecimentos, para eles, é simplista e passível de distorções -, pois esta se aplica, como disse, a toda história relatada pelo deturpador dos fatos da vez.
No curso superior, vi muito isso. Não pense, caro leitor, que isso é algo que acontece apenas nos ensinos Fundamental e Médio. Cansei de ver histórias sobremaneira customizadas, costuradas, distorcidas… e por aí vai. A tendenciosidade há muito reina sobre o imperativo categórico abandonado do amor pelo conhecimento real aos acontecimentos históricos.
Já não se respeita a verdade; cria-se uma a cada época, a cada momento. Tudo depende da necessidade da vez, dos acordos escusos e do alvo a ser acertado. A História, aqui, claudicante, coitada, já não tem muito o que contar aos que não querem ouvi-la honestamente.
Cauby Fernandes é contista, cronista, desenhista e acadêmico de História
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