Plantas alimentícias não convencionais (PANCs): uma fonte alternativa para alimentação

02/10/2021

Por Lucas Saraiva Braga Brito*, Deyvid Abreu Melo*, Dauyzio Alves da Silva* e Bruno Edson-Chaves**, alunos (*) e professor (**) da Universidade Estadual do Ceará

 

Você já ouviu falar em PANCs? Este termo foi criado no Brasil em 2008 pelo pesquisador Valdely Kinupp e significa “Plantas alimentícias não convencionais”, são todas aquelas plantas que podem ser consumidas e usadas na alimentação, mas que não são comumente usadas pela maioria da população, ou partes de plantas alimentícias convencionais que comumente são desprezadas e não são consumidas. Dessa forma, PANCs são plantas que possuem uma ou mais partes comestíveis.

Estas plantas podem ser nativas (pertencer a região que na qual você vive) ou exóticas/estrangeiras; cultivadas ou surgir espontaneamente, neste caso, muitas dessas plantas crescem sozinhas sem necessitarem do plantio, isso faz com que elas sejam propagadas facilmente no ambiente. Mas então, porque não adicionamos essas plantas no nosso cotidiano na alimentação? Será que elas apresentam a mesma taxa nutricional dos alimentos que conhecemos?

Existe uma padronização da produção de alimentos em larga escala e essa padronização se estende até nossa mesa. Para exemplificar, os pesquisadores estimam que existam aproximadamente 30 mil plantas comestíveis, dessas a humanidade já cultivou ou cultiva aproximadamente sete mil espécies, mas a cerca de 80% da alimentação humana vem de menos de 20 plantas. A grande maioria da população perdeu o hábito de consumir produtos tradicionais de sua região ou ainda nem conhecem plantas nativas ou espontâneas que podem servir de alimento; por outro lado, o acesso facilitado e a propaganda fazem com que essas poucas plantas comerciais cheguem no nosso prato, as vezes de longas distâncias e com grandes custos sociais, econômicos e ambientais.

Contudo, quanto mais diversidade de alimentos no prato, maior o consumo de nutrientes pelo organismo. Além disso, um cardápio diversificado favorece a microbiota intestinal e ajuda no metabolismo e na absorção dos nutrientes. Não existe uma super planta milagrosa, o importante é a diversidade alimentar; neste aspecto, as PANCs têm papel crucial, podendo entrar na nossa alimentação de modo a garantir mais saúde e o máximo aproveitamento dia nutrientes

É importante destacar que muitas dessas PANCs não apresentam custos para produção por serem espontâneas, conseguindo absorver nutrientes e água do solo com maior facilidade, tem melhor adaptação ao clima local; sendo também, muitas vezes mais nutritivas que as cultivadas em sistemas convencionais.

Assim, pode-se afirmar que as PANCs vêm se apresentando como uma forma de diversificar as plantas que consumimos no dia-a-dia (notadamente marcada por um número reduzido de espécies como feijão, arroz, tomate e alface), possibilitando uma maior riqueza nutricional e a chance de novos sabores. Preservar as PANCs seja espontânea ou não é uma forma de garantir uma fonte alternativa e sustentável de alimentação, além de uma maior segurança alimentar e nutricional.

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