Pode até ser que para quem passa apressado pela Av. Perimetral não dê para perceber, mas ele está lá. Erivaldo Braga Irmão, 58, um artesão que molda cimento e areia para produzir vasos de jardins e esculturas de animais, conseguiu adaptar sua casa, embaixo de uma árvore na referida avenida. É ali onde o homem, que é solteiro, mora com três cães e um galo, ambos animais de estimação. Erivaldo disse que está ali há pouco mais de um ano. “É ótimo aqui. Eu vivo e cuido, preservo e não deixo nada agredir a natureza”, ressaltou.

O espaço fica entre o calçadão e a margem da lagoa da Bastiana. É embaixo de um pé de azeitona. Ali mesmo Erivaldo sobrevive produzindo suas esculturas de areia e cimento, os jarros para jardim e mais recentemente começou a cultivar plantas.

A pequena casa feita de improviso com pedaços de madeira, tábuas, compensados e outros materiais reaproveitados está encaixada no pé de azeitona, abraçando a árvore. Erivaldo cuida da árvore e a árvore cuida dele. Praticamente não tem teto, somente a copa da árvore, em caso de chuva à noite, o artesão não tem onde se abrigar.

Mas não pense o caro leitor que o artesão reclama do lugar onde vive. Pelo contrário, ele afirma que é o melhor lugar do mundo, está feliz e realizado em morar ali e não pretende sair de lá para lugar nenhum. Mesmo não tendo tanto conforto ou privacidade, é o lugar ao qual ele conseguiu se adaptar para viver. Indagado como faz na hora das necessidades de ir ‘ao banheiro’, Erivaldo disse que conta com a solidariedade da vizinhança. Ele usa o banheiro do posto de combustíveis que fica do outro lado da avenida.

Para preparar a comida, café-da-manhã, almoço e jantar, Erivaldo usa um pequeno fogão adaptado também. É tudo muito simples e cada objeto acondicionado ao pequeno espaço. Por não dispor de energia elétrica, praticamente ele não guarda alimentos prontos nem adquire nada que seja perecível, já que a casa não tem geladeira. A água de beber ele guarda numa moringa.

Sem pressão

De lá ele praticamente não sai. Passa o dia inteiro. A todo instante as pessoas param para perguntar sobre as peças. É com o dinheiro que arrecada comercializando as esculturas e as plantas para jardim que vai se sobressaindo, comprando alimentos e outros produtos de primeira necessidade.

Uma coisa é certa: Erivaldo tem motivos de sobra para estar feliz e realizado morando embaixo de uma árvore e usando o próprio espaço para trabalhar criando suas peças de arte cultivando cerca de 70 espécies de plantas de jardim. Ele não vive sob pressão de qualquer sistema, seja ele qual for, não paga IPTU, nem bandeira vermelha, porque não tem conta de luz, nem tarifa de água. Erivaldo não usa sinal de internet, nem wi-fi, não tem TV e a única companhia do seu dia é o rádio. “Às vezes eu estou aqui fazendo minhas esculturas e dou risada escutando o povo falando na rádio”, disse.

O local é limpo, bem cuidado, não tem odor desagradável, é bem preservado. Por se tratar de um manancial como a lagoa da Bastiana, Erivaldo informou que toma todos os cuidados para não deixar lixo dentro do reservatório, ou qualquer outro tipo de material que possa causar degradação.