Lucas Vivacqua tem 24 anos, por enquanto não tem planos para retornar ao seu país de origem, Argentina. Seu passaporte é uma ‘corda bamba’ que ele usa para se equilibrar nos semáforos da cidade, para ganhar aplausos e algum dinheiro dos transeuntes. Além de se equilibrar perigosamente na corda, Lucas usa outros instrumentos para complementar o espetáculo, um conjunto de bolas coloridas, argolas e malabares. Um artista de rua que se arrisca diariamente entre motores, condutores, asfalto e altas temperaturas mostrando que é possível organizar-se com tempo para executar a arte.
O artista aventureiro não é só um malabarista de semáforo. Ele tem um show completo, com direito a figurino, maquiagem e com duração de pelo menos uma hora. O que Lucas faz no semáforo é só uma demonstração de sua arte. Com habilidade e rapidez executa um número com a corda esticada, usando seus malabares, depois sai entre os carros para arrecadar o quer as pessoas oferecem. Entre esticar a corda, subir para fazer a apresentação, descer e receber, o artista precisa fazer em no máximo 30 segundos, dependendo do tempo do semáforo. A reportagem se deparou com ele em dois cruzamentos distintos: Av. Perimetral com Av. dos Quixelôs, (cruzamento do Lagoa), e Av. Perimetral com Sabino Antunes (próximo à antiga TubForm).
Desde que deixou a Argentina há seis anos, Lucas vive assim, de semáforo em semáforo, país em país. Já percorreu quase todos os países da América Latina (Chile, Uruguai, Peru, Paraguai, Bolívia, Colômbia, Equador e agora Brasil), e alguns países da Europa (França, Portugal, Itália, Espanha, Alemanha, Inglaterra). Agora ele está no Brasil, onde já tem amigos e parece estar à vontade. Até residência fixa provisória em Recife/PE ele já conseguiu estabelecer.
Lucas Vilacqua é um jovem de 24 anos. Ele estava com 18 quando se lançou no mundo. Com o perfil que tem, falar mais de um idioma, conhecer outras culturas e apreciador da essência artística, se quisesse poderia ser um jovem empreendedor, um executivo de sucesso numa grande empresa, ou um alto-executivo numa corporação internacional, mas contrariando a lógica, o rapaz escolheu a vida sobre dois pedais e nas ruas das cidades pode onde passa. Ele faz questão de frisar que sua escolha não foi por uma vida sofrida e miserável de mendicância nos semáforos do mundo. “Escolhi isso pela arte, gosto de me apresentar para as pessoas, oferecer meu dom e receber um sorriso delas, das crianças, isso é para mim mais do que o dinheiro que eles me dão”, lembrou.
Lesão
O artista argentino não viaja de carro. Ele se desloca de bicicleta, talvez por isso o deslocamento de uma cidade a outra pode demorar dias e semanas. Em cada cidade aonde chega estabelece residência por alguns dias, para ali se apresentar, arrecadar algum dinheiro e pegar a estrada novamente. Assim, Vivacqua está em Iguatu há mais de dois meses. Contratou casa para ficar, mas pelo menos a metade deste tempo ele ficou ‘de molho’ para se recuperar de uma torção no tornozelo direito. A lesão foi adquirida numa apresentação no semáforo. Quando finalizou a apresentação e tentava descer, pisou numa parte irregular do solo e machucou a junta tendo que apelar para hospital, remédios e até fisioterapia. Recuperado, voltou às ruas, afinal o rapaz artista vive do que recebe em suas apresentações.
Andarilho
Em 2016, Lucas deixou sua Argentina para trás. Resolveu ganhar o mundo, em troca de aplausos e algum dinheiro, afinal, não há como sobreviver sem ele. Lucas revelou que resolveu deixar seu país e se aventurar por outras terras para conhecer outras pessoas e culturas diferentes.
De Iguatu o artista já tem o destino certo. Vai para Fortaleza, de lá para Jericoacora, lugar que para ele já é um velho conhecido. Nas temporadas de férias e alta estação, lá está ele exibindo sua arte de rua para os turistas e outros visitantes.
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