Pneus recolhidos em Iguatu aquecem caldeiras de fábrica de cimento na Bahia

12/12/2021

Boa parte dos pneus recolhidos em Iguatu viaja mais de 800 quilômetros e vai para a cidade de São Sebastião, região metropolitana de Salvador (Bahia). Lá, os pneus que seriam descartados na natureza e levariam centenas de anos para desaparecerem, são triturados e transformados em energia. Uma máquina especial faz o corte da borracha, de onde também é extraído o arame, e o que sobra é transformado em energia, usado na queima de caldeiras numa indústria de produção de cimento.

A borracha triturada substitui o carvão (produzido da madeira), na queima dos produtos que fazem o cimento. Cada carregamento de pneus que vai para queima é um carregamento a menos de madeira que não vai sair das matas e reservas de lenha. Os pneus velhos que poderiam degradar o meio ambiente, através desta parceria do município com a indústria baiana, viram energia viva alimentando uma cadeia inteira de um produto que vai abastecer o mercado de material de construção.

Na manhã da terça-feira, 07, um caminhão Truck, contratado pela indústria Mizu de cimento, esteve em Iguatu para recolher mais uma remessa de pneus. Levou um carregamento. Os pneus estavam armazenados num contêiner colocado pela Secretaria de Meio Ambiente, na Rua Dr. José Holanda Montenegro, na área da antiga estação do trem. A operação durou mais de três horas. Pneus de moto, automóveis, caminhões, ônibus, caminhonetes, até de tratores, são recolhidos pela indústria de cimento, sempre que completa um carregamento.

De acordo com a própria Secretaria de Meio Ambiente, os pneus são oriundos das borracharias da cidade, que fazem as trocas, ou das empresas que têm frota e quando fazem a substituição dos pneus de algum veículo, enviam o descarte para o contêiner.

Anderson de Jesus, 45, motorista do caminhão, explicou que em cada remessa, somente em Iguatu é possível encher um carregamento. O motorista informou que as viagens para Iguatu para recolher os pneus têm sido com maior frequência. Isso significa dizer que a cidade está descartando ainda mais pneus. Outra constatação é que naturalmente é perceptível o aumento da frota de veículos circulando pelas ruas da cidade. A ideia de usar a borracha na substituição do carvão evita mais queima de madeira. Por outro lado: o destino certo desses materiais, que seriam descartados aleatoriamente na natureza.

180 toneladas em 2021

O secretário titular da pasta de Meio Ambiente do município, Mário Rodrigues, informou que de fato existe um convênio do município com a indústria de cimento Mizu, para recolhimento de pneus no contêiner da Praça da Criança, e em algumas oficinas de consertos (borracharias). De acordo com o secretário, somente neste ano de 2021 foram recolhidas 180 toneladas de pneus em Iguatu. Mário Rodrigues frisou a relevância do convênio com a indústria baiana Mizu. “Se não fosse esta parceria, toda esta demanda de pneus teria como destino o lixo, ou seria queimada a céu aberto, causando danos com fumaça ao meio ambiente e às pessoas”, lembrou.

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