As chuvas de pré-estação têm contribuindo para mudar o cenário no interior cearense, período esperado e que deixa moradores animados com boas expectativas. “Acredito que as chuvas sejam bem melhores que ano passado. Terminamos o ano com chuvas, começando janeiro com mais chuvas. Só temos a agradecer a Deus. Mais um ano de seca, seria difícil pra gente que vive no campo”, ressalta o agricultor José Pereira, morador do Sítio Volta, no Distrito de Suassurana.
A esperança de moradores e agricultores é que o cenário melhore ainda mais. “É bonito a gente abrir uma janela de casa, ver os barreiros com água, o campo verde, os animais pastando. Esse clima mais frio deixa a gente até preguiçoso. A chegada do inverno traz alegria pra gente que vive na zona rural e ainda mais quem mora perto do Trussu (açude Dr. Carlos Roberto Costa), é bonito ver ele assim pegando água”, comemora seu José, esperançoso que o período de inverno, que começa em fevereiro e segue até maio, seja ainda melhor que ano passado.
Dados do portal hidrológico apontam um janeiro bom para o nível hídrico do açude Trussu. O reservatório que abastece Iguatu atualmente acumula 24,27% de sua capacidade que é de 280 milhões de metros cúbicos de água. Nesses primeiros 14 dias de 2022, o açude manteve nível médio de 24%. “O açude Trussu nos últimos dias já vem respondendo às chuvas que vêm caindo aqui na região, ainda não são aqueles aportes necessários para subidas significativas, mas ele vem mantendo seu volume. A gente passou agora no ano de 2021 e 2020 com boas recargas. O açude voltou a apresentar volumes que só tinham acontecido em 2016, mas ainda a gente não superou a marca desses últimos anos, que a gente atingiu no inverno do ano passado, que chegou acima de 30% marcando 30,5%. O Trussu já vem fazendo alguns aportes, mas mantendo seu volume, isso já é importante para o período de pré-estação chuvosa”, ressalta Issac Dias, gerente da Cogerh da Bacia do Alto Jaguaribe.
A expectativa também dos agricultores é com a divulgação do prognóstico da Funceme. A esperança é que as chuvas fiquem acima da média histórica nos quatro meses que compõem o período de chuvas no Ceará: fevereiro, março, abril e maio. “Queria ver esse açude mais cheio ainda, chegasse pelo menos a 50%, vai ser uma bênção, porque a gente estaria seguro com água boa nos próximos anos”, afirma seu José confiante.
A média histórica de chuvas no Ceará de acordo com a Funceme é 118,6mm em fevereiro; 203,4mm em março;188mm em abril e 90,6mm em maio, período chamado de quadra chuvosa. “A gente espera que as chuvas comecem pra valer. Estamos com janeiro chuvoso, com mais de 250mm nessa pré-estação. Deus queira! Vamos ver o Trussu pegar boa recarga”, destaca confiante o agricultor.
Manutenção
O açude Trussu é administrado pelo DNOCS, e as ações de manutenção são desenvolvidas pelo órgão federal. A Cogerh atua em cooperação auxiliando nas operações, atualmente a companhia mantém um funcionário responsável pelos serviços de roço. Nos últimos dois anos, o Trussu deixou de abastecer a cidade de Acopiara, que voltou a ser abastecida pelo açude Quincoê e o açude Raimundo de Morais. “Nos últimos anos de chuvas significativas esses reservatórios tiveram excelentes aportes, chegaram a ‘sangrar’, então com essa disponibilidade de água nessas barragens o abastecimento é feito por lá. O Trussu é utilizado apenas quando esses dois mananciais não têm suporte hídrico”, ressalta Issac Dias, afirmando ainda que mesmo com esse cenário satisfatório as pessoas devem fazer o uso racional da água, evitando o desperdício. “É muito importante o uso racional da água. Vale sempre chamar a atenção para o uso consciente da água e a importância de cada um ajudar, evitando o desperdício no dia-a-dia, isso em casa, no trabalho ou na agricultura”.
Nossa reportagem entrou em contato com o DNOCS, mas até o fechamento desta edição não recebemos resposta.
Buracos e lama
Mas por outro lado, com as chuvas também reaparecem problemas antigos. O açude que recentemente passou por recuperação da parede, mas mantém ainda a estrada carroçável, sempre que chove apresenta buracos que ficam cheios de lama, dificultando o trafego e moradores e visitantes. A região mantém muitas chácaras, balneários e dá acesso a vários sítios. “Situação complicada essa porque a gente viu que a parede foi toda recuperada, mas poderiam ter melhorado essa estrada. Esse material que colocam aqui, qualquer chuva abre esses buracos, é um barro liso, que pode ocasionar até acidente. A gente anda por aqui porque é preciso. Seria bom que as autoridades responsáveis por essa parte olhassem para essa situação. É um ponto turístico, deveria ser mais bem tratado”, pontua o guarda civil Diego Agostinho.
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