“Et tout se plaint ainsi que les âmes perdus”
Emile Verhaeren
I
Não fraquejes, ó meu Lume!
Que a estrada é escura e vazia.
Não ouves? É o que queixume
Das almas em romaria…
II
Os penhascos já cruzamos
E o vale pantanoso,
Lume de ceras choroso,
Quantos mortos já velamos?!
III
Recordas? A casa antiga,
Nossa mãe, o terço à mão…
Ó não permitais que eu siga
Sem vós nesta escuridão!
IV
Os doces círios da infância,
Mirava-os sobre o altar;
Vejo-os agora a distância…
Quem me pode iluminar?
V
Velas da febre, sozinhas
Quais fogueiras num deserto…
Insônia das noites minhas…
O farol nunca está perto!
VI
Não vês? Lá no cemitério
Minha vela a crepitar…
Ardo em Passado e Mistério.
Ó Lume, estou a sonhar?
VII
Não te apagues; que eu não trema.
Deixa-me ainda falar…
E leva-me na Hora Extrema
De volta para o meu Lar!!!
Professor Doutor Everton Alencar
Professor de Latim da Universidade Estadual do Ceará (UECE-FECLI)
0 comentários