‘‘Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados por aqueles que gostam.’’ – Platão
Lembro-me quando me interessei verdadeiramente por política. Há anos lia literatura estadunidense, francesa, russa etc., mas praticamente nada sobre política; por algum motivo, não me chamava assim tanta atenção – estranho, posto que, hoje, é um dos meus temas prediletos; assunto-base para conhecer o mundo que nos cerca.
Penso que o florescer do meu interesse fora advindo de uma inquietação quanto ao que passei a enxergar ao meu redor. A cena era pitoresca: jovens sendo conduzidos à doutrinação uniforme; em uníssono, já ‘adestrados’, berravam e usavam sempre o mesmo ridículo dialeto limitado e repetitivo. Eles, coitados, não se davam conta de que eram apenas títeres, simples fantoches nas mãos da ideologia predominante.
Passei, obviamente, a questionar e, com isso, repudiar essas e outras condutas, pensamentos e linha ideológica por eles defendidas. Assim sendo, voltei minha atenção às correntes antagônicas ao que estava posto no decadente cenário, com vistas a compreender como se dá outras linhas ideopolíticas. Foi só aí que pude perceber que eu havia me encontrado.
Me encontrei ao conhecer atores estupendos, como Edmund Burke, Roger Scruton, Olavo de Carvalho, Luiz Felipe Pondé, João Pereira Coutinho, C. S. Lewis, Ludwig von Mises, Frédéric Bastiat, entre outros estudiosos que se dedicaram ao estudo social, econômico e político do Brasil e do mundo.
A mentalidade direitista salvou-me da ignorância e da ilusão de proposições que nos distanciam da real crueza do mundo. Ensinou-me a entender e aceitar melhor a imperfeição humana (incluindo aqui, claro, as minhas próprias e muitas falhas enquanto ser vivente).
Enquanto o lado de lá pinta o homem como um ser quase angelical, digno de toda benevolência, maltratado – tadinho – pelo sistema e pelo ‘‘perverso’’ capitalismo, aqui, na mentalidade coerente, enxergamos primeiramente as imperfeições inerentes ao homem; consideramos, todavia, a liberdade individual em detrimento do coletivismo que descaracteriza a personalidade, transformando cada indivíduo como mera parte sem identidade, de uma massa homogênea.
Ocorre, preclaro leitor, que para além de conhecer tais autores fundamentais para a compreensão do conservadorismo e do liberalismo, faz-se necessário que se leia, também, os autores da esquerda, posto que é o que se deva fazer para entrar em um debate honesto no campo da intelectualidade, de um livre debate alicerçado no conhecimento mediante as obras dos grandes intelectuais da direita e da esquerda.
Conhecer os meandros da política, é se reconhecer enquanto ser pensante; é conhecer melhor o processo ao qual estamos, inevitavelmente, inseridos, astuto acompanhante dessas linhas modestas. Recomendo, meu caro, a leituras desses autores aqui mencionados, para que tenhas uma proximidade com as ideias liberais e/ou conservadoras.
Não siga o bando canhoto da nossa contemporaneidade! Eles estão na dependência de qualquer ventania oscilante. Acordei a tempo; espero que muitos tenham tido a mesma sorte (e empenho, esforço próprio)) para fugir das armadilhas postas nesse lamaçal de estultícias.
Cauby Fernandes é contista, cronista, desenhista e acadêmico de História
0 comentários