Diante da proposta internacional de as pessoas deixarem pelo menos um dia sem andar de carro, deixar o veículo em casa e buscar outra alternativa de ir para o trabalho ou qualquer outro afazer de bicicleta, ou mesmo a pé, é comemorado no dia 22 de setembro o ‘Dia Mundial sem Carro’.
Um dos objetivos é conscientizar as pessoas sobre o uso responsável dos veículos automotores individuais. Em Iguatu, muitas pessoas ainda utilizam a bicicleta como principal meio de transporte para ir ao trabalho, ou locomoção no dia a dia. Um deles é o professor Luciano Saldanha, 56, que há 32 adotou a bicicleta como meio de transporte, mas pedala desde os 12 anos de idade e nunca mais parou. “Desde os 12 anos de idade que estou pedalando. E profissionalmente há 32 anos, isso utilizando a bicicleta para ir para as escolas, para o trabalho mesmo.” Comentou, afirmando que o assunto deve ser discutido com a sociedade o ano inteiro. “Não só deve ser trabalhado nesta data, mas todos os dias para a gente ter um meio ambiente mais saudável. Ter pessoas mais responsáveis no trânsito”.
Luciano Saldanha trabalha em três escolas de Iguatu, em localidades extremas da cidade. O professor pedala em média 500km por mês. “Trabalho na Escola Luiz Vieira da Mota, no bairro Varjota, na Escola Clara Alves, na Vila Coqueiro, e na Escola Joaquim de Souza Pinto, na Vila Cajazeiras. Em média chego a pedalar 95km para dar assistência aos alunos”, afirmou.
Para o professor, pedalar é viciante. “Quem aprende a andar de bicicleta nunca mais esquece. Tive moto apenas um mês. Eu não me adaptei, vendi a moto, isso há 24 anos. Foi só um mês tentando aprender a andar de moto, mas me desfiz logo. Tem as facilidades, agilidades, mas prefiro a bicicleta. Quando se acostumar, você não quer mais deixar de pedalar”.
Com o aumento visível de transportes circulando pelas ruas da cidade, andar de bicicleta acaba se tornando bem perigoso, para enfrentar carros e motos. “Usar a bicicleta em Iguatu requer muita atenção ao trânsito porque a gente sabe infelizmente que os condutores de veículos não têm aquele respeito ideal para com os ciclistas. Eu vejo que não há nenhum respeito. Eu faço minha parte, mas com medo que o outro não faça a dele. Eu não ando em contramão, obedeço à sinalização. Quando vou entrar numa rua, já sinalizo com o braço avisando que vou entrar para direita ou esquerda”, ressaltou, explicando ainda que vê a necessidade de mais investimentos públicos para a construção de ciclovias, ciclofaixas, melhoramento da pavimentação de forma geral. “Tudo isso influencia no andar de bicicleta com mais segurança. Eu digo isso não só aqui, mas é uma questão nacional. Seria importante a construção de ciclovias, faixas para uma segurança melhor para os ciclistas”.
Iguatu é uma cidade plana e favorece a prática do ciclismo, o uso da bicicleta como meio de transporte, como já foi em um passado recente. “Sempre que possível pedalar seria bom para as pessoas. A gente vê nos países europeus o respeito que eles têm com os ciclistas. O respeito é o mesmo para quem anda de carro, de moto. Infelizmente, no Brasil, não é assim. Nos países mais desenvolvidos as pessoas vão para o trabalho de bicicleta, executivos vão de bicicleta. No Brasil, poderia buscar se espelhar nesses bons exemplos”, recomendou o professor.
Na estrada
Ainda segundo Saldanha, sempre que inicia o ano letivo, no primeiro contato com os estudantes ele destaca o uso da bicicleta como um veículo aliado importante para prática esportiva. “Sempre quando início o ano letivo nas escolas, passo para os alunos meu histórico de vida com relação à bicicleta, e também como maratonista, porque é sempre bom uma buscar uma melhor qualidade de vida”.
O professor não utiliza só a bicicleta para ir ao trabalho. Dentro do seu gosto pelo ciclismo, Luciano já se aventurou pelas estradas pedalando para longe. Já foi de bicicleta para Canindé, Quixadá, Juazeiro do Norte. “Em 1992, comecei indo para Canindé ida e volta, foram 46 horas de pedal. Cinco anos consecutivos fui para Juazeiro do Norte. Em 2019, pedalei 14h50 minutos, descansei 22h e no dia seguinte participei da Corrida Sesc Crato, fazendo percurso em 49 minutos. Também fui sozinho para o Santuário de Quixadá, de bicicleta”, ressaltou.
Ação social
Outro aliado à prática do ciclismo são ações voltadas para o meio ambiente. Há cerca de sete anos o professor deixou de desenvolver projetos de cunho ambiental por falta de incentivo e apoio, além de críticas. Isso porque ele juntava material reciclável, com a venda doava cestas básicas para famílias em vulnerabilidade social. “Mas, é importante é que a gente está reciclando de todas as formas. Quando eu tinha o projeto, além de trabalhar a questão ambiental com os alunos, eu trabalhava a questão de doações de cestas básicas, comprava medalhas para os alunos nas competições que fazia nas escolas. Ainda uso material de refugo para trabalhar com os alunos na questão esportiva, principalmente jogos e brincadeiras para que eles possam reviver o que muita gente não vive hoje”, contou o professor que também é maratonista. “Tá com nove anos que participo das corridas de Iguatu, na categoria 10km. Busco participar todo ano das competições quando é possível”.
O professor ainda mantém a velha bicicleta Barra Circular, de muitos anos de estrada. O segredo é a manutenção e os cuidados que tem. “Todo mês faço uma revisão. Fui melhorando pra facilitar a pedalada. Troquei algumas peças por rolamento, assim se torna mais leve, além disso ando com tranca com cadeado e uma bomba de ar, para alguma emergência”.
Prazer de pedalar
O surgimento de grupos de ciclismo ajuda a divulgação e expansão dessa atividade. “Eu vejo de suma importância a crescente do grupo de ciclistas em Iguatu. É importante porque as pessoas estão praticando o ciclismo independente do tipo de bicicleta. Estou buscando junto com as três escolas em que trabalho formar um grupo de ciclismo principalmente para as competições de jogos escolares do ano que vem. As pessoas que não praticam ciclismo, uma caminhada, uma corrida, que possam pensar bem e começar a praticar. Vai ter uma vida futura bem melhor. Convide uma pessoa e quando mesmo se esperar vai ter mais pessoas praticando. Importante os pais motivarem os filhos, porque as nossas crianças irão ter mais saúde tanto física quanto mental, deixar essas telas de lado por um tempo, sentir o prazer de pedalar. Envolvendo as crianças, vamos ter um futuro melhor para todos”, concluiu.
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