Quérulo Umbrano – Mais Versos

26/11/2022

Nossa pesquisa sobre o esfíngico bardo árcade Quérulo Umbrano nos levou aos antigos alfarrábios críticos dos séculos XVIII e XIX. Mendes dos Remédios, Alexandre Herculano, Fidelino de Figueiredo et ali. Poucos dados biográficos, como já escrevemos, há sobre o poeta. Inclusive não sabemos o seu nome real. Sua poesia encontra-se espalhada em jornais da época e os aspectos referentes à sua existência colhemos em depoimentos de outros vates do período neoclássico da literatura portuguesa.

Os versos do neoclássico Quérulo Umbrano têm acentuado teor platônico, bem como elementos do Estoicismo e do Epicurismo. Uma mescla típica dos bardos herdeiros do Helenismo tão fecundo nas letras romanas. Eis uma de suas odes:

   

ODE XIII

Mais oculta o Oráculo ao falar;

Segredos são mentiras;

Falsas vozes ao som de falsas liras,

Sortilégio no ar…

 

Ah, Lívia, olhemo-nos tão somente,

Que a alma anseia estar do corpo ausente.

E o Exílio deixar

E não mais caminhar…

 

Miragem é a sede e o beijo nos trai.

No Cárcere não cai

A alma que a Plenitude só adora.

Os Anjos nunca sonham com o Outrora!

 

Calmos vaguemos quais amenos ventos

Nas relvas e nas flores…

Nem prazeres nem dores,

Tão somente a paz dos pensamentos…

 

Saciados, quais deuses, sem desejos;

Da chama só lampejos.

Qual um barco sem porto,

Sejamos Alma. Tudo o mais é morto!

 

Professor Doutor Everton Alencar
Professor de Latim da Universidade Estadual do Ceará (UECE-FECLI)

 

 

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