Mais uma vez a lagoa da Bastiana foi atingida por um incêndio. Pelo menos dois grandes focos foram registrados na noite da segunda-feira, 21. O fogo atingiu a mata nativa. O Corpo de Bombeiros foi acionado por volta das 22h. Depois de um intenso combate, o fogo foi apagado. De longe era possível avistar uma alta cortina de fumaça que se espalhou por bairros adjacentes. “Eu passei próximo ao local. A fumaça incomodou muito. Pelo pouco tempo que passei por lá, meus olhos ficaram ardendo. Infelizmente, o fogo nessa lagoa se tornou algo comum. Fumaceiro tomou de conta”, lamentou o radialista Paulinho Neto.
No local há deposição de lixo e entulhos. Recentemente foi realizada uma limpeza na área pela Prefeitura Municipal, mas demorou pouco tempo limpo, a área voltou a ser degradada novamente com a colocação de lixo e entulhos. “Aqui é normal o povo passar de carro, moto, jogar sacos de lixo, animal morto. Fora os carroceiros, tem uns que jogam resto de construção tudo aí. E o pior é que o fogo aparece do nada. Esse é o quarto incêndio só esse ano. A gente sofre com a fumaça e o fogo que se espalha por todo canto”, comentou uma moradora que preferiu não ser identificada.
Ação humana
Os incêndios na Lagoa da Bastiana chamam atenção de ambientalistas, que lamentam a situação. Mesmo com as ações ambientais e educativas do movimento SOS Bastiana, que visa justamente restaurar, proteger e preservar a lagoa, que faz parte de uma Área de Proteção Ambiental – APA, instituída por Lei Municipal desde o início da década de 1990. Mas, os problemas de degradação da lagoa vêm de muito tempo. “Esses incêndios geram dois tipos de sentimentos. Primeiro a indignação pela morte dos animais e destruição desse complexo de lagoas, que é único no semiárido e vital para nossa cidade, assim como o sentimento de impotência, por não existir nenhum mecanismo de prevenção e combate a esses incêndios. Até apresentamos um projeto de criação da brigada de combate a incêndios, mas infelizmente a preocupação ambiental dos parlamentares ficou só no discurso”, comentou o ambientalista Dauyzio Silva, integrante do Movimento SOS Bastiana, ressaltando que o movimento apresentou recentemente na Câmara Municipal de Iguatu um projeto para a criação de uma Brigada Municipal de Combate a incêndio florestais, que auxiliaria o Corpo de Bombeiros.
De acordo com dados dos bombeiros, em média são registrados entre nove a dez ocorrências de queimadas por dia em vegetação. O período mais crítico é o segundo semestre, quando a vegetação fica mais seca, altas temperaturas e ação humana, quando cerca de 90% dessas ocorrências, segundo a corporação, são provocadas por ação humana.
Cerca com gradil
A Secretaria do Meio Ambiente e Proteção Animal diz que tem realizado ações educativas focadas no reflorestamento através do plantio de mudas de árvores nativas, orientação educativa focados na preservação desses ambientes. “Enquanto não for cercada com gradil fica difícil, infelizmente, as pessoas não respeitam. Estamos aguardando a colocação dessa proteção. Segundo fomos informados pela empresa que vai cercar a lagoa, estão só esperando o material chegar para iniciar esse trabalho. Segundo a empresa, houve dificuldades até na compra pela dificuldade do material pelo fornecedor. Vamos fazer uma limpeza geral, a dragagem dela”, explicou o secretário da pasta Mário Rodrigues.
O secretário afirmou que 12 agentes da guarda municipal são agentes ambientais. “Eles têm feito um bom trabalho, mas infelizmente não têm como ficar 24 horas guarda no local. Esperamos que com essa proteção, vai ser feito um monitoramento melhor e começar a autuar. Nesta sexta-feira, eles pegaram uma pessoa colocando lixo naquela estrada que vai para o Julião. O lixo foi recolhido e a pessoa foi autuada. Mas é muito difícil porque não existe a conscientização de muitas pessoas”
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