Cícero Roberto da Silva, 60, foi preso no início da tarde da segunda-feira, 23, acusado de matar a ex-esposa com um tiro e a amante com três disparos. O acusado ainda tentou contra a vida de um dono de ‘lan house’, tudo no mesmo dia. O início do ano se mostra violento nos crimes de gênero, sendo também os primeiros crimes contra a vida em 2023. Em todo o ano passado a cidade registrou quatro feminicídios.
Cícero matou a esposa Antônia Evilene Fernandes, 47, com um tiro, no bairro Mirante Verde. Ela faleceu no local na calçada da residência de um familiar em que passou a morar após a separação. Conforme foi apurado pela investigação, Cícero e Evilene Fernandes estavam em processo de separação há cerca de uma semana, após um casamento de 30 anos. “Eles passavam por contraentes desentendimentos e havia um histórico de agressões. Cícero afirmou que a morte foi motivada por questões de separação de bens”, contou o delegado Wesley Alves.
Já a segunda vítima, Jucileide Alves Bezerra, 44, apontada como amante pela investigação, foi alvejada com três disparos, no Bairro Verde Parque. Ela morreu após dar entrada no Hospital Regional de Iguatu. “Em depoimento, ele contou que Jucileide com quem tinha uma relação extraconjugal o cobrava e perturbava muito após descobrir que ele era casado e que isso o fez tirar a vida dela”, acrescentou o delegado.
No Bairro COHAB I, Cícero efetuou disparos contra um ex-sócio com quem havia rompido relações e o tinha como desafeto. Contra o dono da ‘lan house, efetuou três disparos, um deles atingiu a mão do comerciante superficialmente. “Eles tinham se desentendido após um final de sociedade mal resolvido. E afirmou guardar rancor dele”, contou o delegado.
Prisão
Cícero foi preso quando seguia em uma motocicleta utilizada nos crimes a caminho do distrito do Baú, na zona rural da cidade. No ato da prisão feita pela Polícia Civil foram apreendidas a arma que ele usou nos crimes e uma quantidade de 29 munições. O suspeito não ofereceu resistência à prisão.
Repúdio
O fato gerou manifestações de entidades de classe da cidade. A Associação das Mulheres Iguatuenses (AMI), o Conselho da Mulher bem como coletivos feministas manifestaram repúdio aos casos além de reivindicar que sejam tomadas medidas severas que elucidem e punam os responsáveis pela desordem social que vem ocorrendo frequentemente, deixando a população insegura e, ao mesmo tempo, revoltada pela impunidade que se constata de forma assustadora.
AMI divulga nota sobre aumento da violência contra a mulher
Na quinta-feira, 26, a Associação das Mulheres Iguatuenses – AMI divulgou nota pública repudiando os atos de violência praticados contra as mulheres no Ceará e no Centro-Sul. A nota chama a atenção para o número de mulheres assassinadas em 2023 no estado, quando 23 mulheres foram vítimas de feminicídio somente no período entre 01 a 23 de janeiro. Nesses dados estão inclusos os assassinatos de duas mulheres ocorridos em Iguatu nesta semana.
O manifesto da AMI chama também a atenção das autoridades do judiciário para que a apuração dos assassinatos seja feita no tempo hábil e que os crimes não fiquem impunes, indo apenas engrossar ainda mais as estatísticas da violência contra as mulheres.
Apelo
A nota, assinada pela presidente da entidade, Francisca Saraiva, também faz apelo às autoridades governamentais para diminuir a ‘barbárie’ contra as mulheres, nas três esferas de governo, municipal, estadual e federal, melhorando os investimentos em políticas públicas, com a reestruturação dos equipamentos já existentes, e implantação de uma rede de atendimento para as vítimas da violência, além das delegacias para os procedimentos, mas que dê amparo legal, com assistência jurídica, atendimento médico-hospitalar, psicológico e assistência social, para as mulheres e seus filhos.
Também no manifesto à sociedade, a Associação das Mulheres se solidariza com as famílias das vítimas de feminicídio em Iguatu, na segunda-feira, 23, quando Antônia Evilene Fernandes, 47, e Jucicleide Alves Bezerra, 44, foram assassinadas a tiros por Cícero Roberto da Silva, 60, com quem as duas tinham relacionamento, sendo que Evilene era a esposa do acusado e Jucicleide, uma relação extraconjugal. “A AMI, comprometida com a defesa da vida das mulheres, vem a público se solidarizar com a dor das famílias enlutadas, que perderam precocemente seus entes queridas”, diz a nota.
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