Passado o Carnaval, é momento de reflexão para os cristãos, quando é iniciada a Quaresma, período de jejum, oração e penitência. Nesse tempo as pessoas são convidadas a viver a preparação para a Páscoa. Nas paróquias são realizadas missas, confissões, e a celebração da Via Sacra, após 40 dias.
Na última quarta-feira, 22, muitas pessoas participaram na Catedral de São José da Missa de Imposição das Cinzas Bentas, marcando assim esse início dentro da tradição cristã. Um convite à conversão. “É um período de quarenta dias que a gente percorre. E receber as cinzas é como se a gente dissesse que eu quero entrar nesse caminho. Eu quero fazer essa experiência. Eu acredito nesse projeto de conversão. A gente recebe as cinzas como sinal de humildade também. Antigamente as pessoas se espojavam nos meios das cinzas, hoje a simbologia é com a imposição das cinzas bentas na cabeça ou na testa das pessoas”, explicou dom Geraldo Freire, bispo diocesano.
Dom Geraldo reforça que nesse tempo da Quaresma as pessoas devem buscar uma análise maior de sua vida, um sentido maior quanto ao projeto de salvação deixado por Jesus Cristo. “Quando eu recebo as cinzas na cabeça, é reconhecendo que eu sou pó, vim do pó e para o pó vou retornar. Quando a gente escuta essa palavra de Deus, como hoje na profecia de Joel, ‘Rasgai os vossos corações e não as vestes’, significa que a gente como ser humano tem que mudar realmente as atitudes, comportamento, a ação e não só o exterior. A casca como se diz. Esse tempo todo de caminhada quaresmal, quarenta dias, é um apelo: muda de vida. Convertei-vos e crede no Evangelho. É um convite que a gente acolha e se coloque nesse caminho. Vou fazer um jejum, penitência, vou rezar mais, silenciar mais, sair do barulho, para focar mais a vida para aquilo que é essencial, viver esse projeto da salvação, trazido por Jesus. Quando a gente faz esse caminho, entende que está buscando esse projeto de vida, de salvação. Como Jesus diz: ‘Aquele que crê em mim, nunca morrerá’. Jesus fala aquele que abraçou a fé, um compromisso, que é batizado, não morrerá nunca. A fé que o mantém em enfrentar as dificuldades do mundo. A fome, as doenças, as dores, perseguições, mas sem perder a esperança”, declarou.
“O bonito do cristianismo é isso. Você não abaixa a cabeça. O cristão não se desespera porque ele tem a confiança que vai vencer, vai superar como Cristo passou pelo sofrimento maior que foi a cruz. Então essa experiência da quaresma é para a gente se propor a fazer esse caminho, sabendo que vai ser um caminho difícil. Mas, temos que nos desapegar. Eu tenho que mudar por causa do projeto de Deus. Vamos perceber que não é fácil, mas vamos fazendo esse caminho”, disse o religioso, fazendo um convite para que as pessoas participem e vivam esse período quaresmal. “É um processo lento, demorado que a gente se coloca nesse caminho. Mas, se não estou regredindo, é um sinal que tenho que continuar”.
Campanha da Fraternidade
Ainda durante a missa foi apresentado o tema da Campanha da Fraternidade 2023: “Fraternidade e Fome” e o lema “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16). “É um tema recorrente, significa que a gente no Brasil precisa caminhar mais. O papa Francisco tem dito que a fome não é só um flagelo, mas é uma vergonha no mundo para a humanidade, principalmente para aqueles que têm fé, que acreditam em Jesus Cristo. Então em 75 a Campanha da Fraternidade, era Fraternidade é repartir. Repartir o pão, que era o lema. Em 85, Fraternidade e Fome, mesmo tema com o lema Pão para quem tem fome, e agora em 2023, é Fraternidade e fome. Então veja é uma questão que está voltando. É um drama social que interpela a todos nós. Como diz no objetivo da Campanha da Fraternidade é sensibilizar a sociedade e a igreja para enfrentar esse flagelo. Olhando tudo isso à luz do Evangelho”, completou dom Geraldo.
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