Por ocasião do Dia Internacional da Mulher comemorado na quarta-feira, 8, o jornal A Praça fez uma provocação à Delegada de Defesa da Mulher de Iguatu, Dra. Francisca Aguiar Nascimento, sobre as causas e efeitos da violência, que aumentou em 2022, os avanços para frear as agressões e se estamos num bom patamar de igualdade de gênero, quando a mulher tem os mesmos direitos assegurados aos homens
A Praça – Quais os maiores desafios para a autoridade policial na figura da mulher?
Francisca Aguiar – Entender como a vítima se comporta, pois muitas vezes ela vem à delegacia fragilizada e sem apoio da própria família, por isso da importância do diálogo com as vítimas. Um atendimento inicial de acolhimento é algo necessário.
A Praça – De acordo com informações dos órgãos oficiais, no ano passado, a violência contra a mulher no Brasil cresceu. O que pode justificar este crescimento?
Francisca Aguiar – Primeiramente temos que entender que agora temos mais mulheres denunciando a violência doméstica contra ela praticada, não é que a violência tenha aumentado, pelo contrário agora temos mais mulheres denunciando e isso é um bom começo para de fato combatermos essa violência.
A Praça – Na sua opinião, de todas as formas de violência, física, psicológica, moral, social, patrimonial, qual é a mais ultrajante para a mulher?
Francisca Aguiar –Infelizmente, a violência moral e psicológica são as piores, pois deixam marcas quiçá para o resto da vida da mulher.
A Praça – Qual sua visão sobre o atendimento às mulheres vítimas de violência doméstica?
Francisca Aguiar – Estamos preparados para atender, com estrutura adequada, profissionais e a rede de proteção para evitar novas investidas do agressor? Infelizmente, ainda temos que melhorar muito, no que tange à rede de proteção, há casos em que é necessário atendimento multidisciplinar e às vezes a única ajuda que a vítima terá é o atendimento na delegacia de polícia. Mas com a criação das Casas da Mulher, isso tende a melhorar sobretudo aqui em Iguatu.
A Praça – A senhora acredita que a Lei Maria da Penha ajudou a encorajar a mulher para denunciar seu algoz, ou contribuiu para ela alimentar ainda mais seus medos?
Francisca Aguiar – Com certeza, a Lei foi de suma importância no combate à violência doméstica e familiar, porém há muitas questões a serem tratadas, sobretudo, questões culturais e educacionais. É preciso dar mais ênfase à educação, seja nas escolas, seja na comunidade, para discutir temas como a igualdade de gênero e o respeito às diversidades.
A Praça – Na sua concepção, o que precisa acontecer para que tenhamos ações concretas de enfrentamento da violência contra a mulher no Brasil?
Francisca Aguiar– Já temos uma mudança a partir do momento que vemos muitas mulheres a procurar as autoridades públicas e denunciam os casos de violência, antes as mulheres ficavam com medo e sofriam caladas por anos.
A Praça – As tradicionais desigualdades socioeconômicas que a mulher enfrenta no seu dia-a-dia, como ganhar menos parar exercer a mesma função do homem, impedem que a mulher conquiste mais na sociedade atual?
Francisca Aguiar –Sim. Isso é resultado de discriminação que até hoje não foi superada e demostra desrespeito com o trabalho da mulher que é muitas vezes uma tentativa de calar e sonegar os direitos que as mulheres por décadas lutaram para conquistar.
A Praça – Na DDM de Iguatu, há policiais femininas para os procedimentos das mulheres?
Francisca Aguiar –Sim. Uma escrivã e eu que talvez atendo as vítimas.
A Praça – A mulher tem mais motivos para comemorar o 8 de março?
Francisca Aguiar –Com certeza sim. Há muitas mudanças a serem alcançadas, porém avançamos em muitos direitos, a despeito de alguns pontos que parecem insistir em continuar, mas com persistência e coragem de buscar os nossos direitos conquistas virão paulatinamente.
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