Taynara Oliveira é uma jovem simpática e muito educada que percorre os mais diversos pontos de comércios, festas, eventos, clubes e espaços de lazer em Iguatu, especialmente aos finais de semana. Ela vende trufas, guloseimas que são apreciadas por muitas pessoas.
A jovem passou a empreender durante a pandemia da Covid-19, quando a venda do produto passou a ajudar no sustento da família. Ela e a mãe Anastácia Oliveira criaram a AT Doceria (Anastácia e Taynara). Apesar das inúmeras dificuldades, sempre acredita que pode fazer mais pelo seu negócio. As primeiras vendas não passaram de 20 unidades. Atualmente a produção chega a cerca de mil trufas por semana. Isso porque devido ao sucesso e à conquista da clientela, elas passaram a vender por encomendas e repassam para alguns pontos de vendas.
Mas, os principais clientes são e foram conquistados nas andanças da jovem pela cidade. “Os muitos amigos que fiz foram vendendo trufas. As pessoas passaram a comprar com frequência, tornaram-se clientes e amigos. Somos gratos”, contou a jovem.
Por conta própria, Taynara Oliveira, 18, começou a vender trufas de chocolate em alguns estabelecimentos, bares e restaurantes. Os doces preparados pela mãe Anastácia Oliveira antes eram feitos por encomenda e algumas unidades vendidas pelo pai da jovem, Raimundo Lucas, na fábrica de cadeiras, onde trabalha. A jovem empreendedora notou que a venda de produtos passou a ser uma fonte de renda extra para a família, que passou a enfrentar problemas financeiros por conta da pandemia da Covid-19, isso porque Anastácia antes trabalhava como representante de vendas.
“Tudo começou com minha mãe. Ela era representante de vendas, no centro comercial de Iguatu, meu pai trabalha numa fábrica de cadeiras. Na época eu só estudava, tinha 16 anos. Com o início da pandemia, as vendas ficaram mais fracas e com meu irmão pequeno não tinha como minha mãe sair para trabalhar. A maneira que ela achou de complementar a renda e ficar com meu irmão foi fazendo as trufas. No início, começou fazendo só para revenda dos clientes que ela já tinha. E meu pai também vendia na fábrica. Eu ficava em casa estudando, foi no período do ensino a distância. Eu vendo aquela situação, sempre tive o sonho de ser independente, com vontade de trabalhar. Só que eu era muito nova. Por eu ter sido filha única durante 15 anos, isso dificultou mais um pouco. Minha mãe tinha uma proteção muito grande em mim. Teve um dia que eu resolvi ir vender. Fui vender em um bar da Rua Estados Unidos. Fui oferecer para o pessoal sem a mínima noção de atender um cliente, porque eu estava concluindo o curso de administração no Amélia Figueiredo. Porém, uma coisa é a gente ver a teoria é outra coisa é partir para prática. Ao me deparar com a situação de vender de mesa em mesa, nos bares e restaurantes aqui de Iguatu, foi que aprendi a desenrolar e a lidar com o público. Aprender a atender o público. Eu sempre cheguei muito educada com todo mundo, pedindo licença, explicando o que estava vendendo e no início foi muito complicado. Nunca tinha saído só. Mas cheguei numa mesa tinha dois homens bebendo. Logo na primeira venda eles compraram todas as trufas, em uma única venda. Quando cheguei em casa, meus pais ficaram surpreendidos. Acharam que porque tinha voltado logo, tinha desistido. Foi uma coisa que continuei vendendo. Eu nunca levei como um trabalho em si. Porque para vender não é só atender o cliente e pegar o dinheiro, não. Meu objetivo sempre foi muito além. Fidelizar o cliente”, contou a jovem esforçada que não se vê hoje sem deixar de vender os produtos feitos com tanto carinho e zelo pela mãe, mesmo trabalhando em uma rede de supermercado a jovem segue com as vendas aos finais de semana, em festas e eventos. “Muita gente que conheço hoje foi através das trufas. Hoje levo os clientes como amigos.”
Uma por R$3,00; duas por R$5,00
A confecção dos doces começou há três anos, em 2020. No ano seguinte fizeram a primeira venda de Páscoa, sem ter noção de nada. “A gente nunca tinha feito ovos de chocolate. Uma amiga me ajudou na divulgação. A gente conseguiu vender muitos ovos na primeira páscoa. Cada vez mais a gente ficou mais conhecido. Como também passei a estar todo final de semana num lugar diferente, seja festa, chácara, restaurante, aonde tivesse movimento eu estava. Com isso a gente foi se aproximando cada vez mais dos clientes, com esse convívio. Os clientes já me esperavam com o preço gravado na memória: uma por R $3, duas por R$ 5,00”, acrescentou.
Mas não é fácil ser empreendedor e ter que enfrentar os dias puxados de vendas. “Depois de tudo isso, vieram muitas tribulações, mas não é fácil a gente meter a cara e ir. A gente não tinha nada. Começamos do nada. Não tínhamos nada, nenhuma estrutura que temos hoje. A ideia inicial era vender para poder conseguir um complemento da renda. Se as vendas dessem para pagar a água, a luz, a gente já saía no lucro porque não tinha que tirar salário que recebia do trabalho do meu pai”, ressaltou.
Vocação
“Hoje, todo canto que eu passava e passo, o pessoal sempre teve carinho por mim pela maneira que atendia eles, nunca chegava só na intenção de vender. A gente conversava e acabava vendendo. Uma coisa que eu gostava, nunca levei como trabalho e sim como um hobby. E venda para mim das trufas é minha vocação. É uma coisa em que me encontro”, disse.
As redes sociais têm sido uma aliada na divulgação dos produtos. Isso começou por acaso, quando teve uma foto vendendo nas redes sociais. “Uma grande visibilidade que tive foi uma foto minha nas redes sociais, que começou a ter muitos compartilhamentos, curtidas. Eu não sabia dessa foto. Eu vendendo as trufas, quando vi os comentários do pessoal falando de mim, eu não imaginava que o pessoal tinha esse carinho, admiração por mim. Isso foi uma das coisas que mais me motivou a continuar”.
Rapidamente a menina das trufas passou a ser conhecida pelo seu trabalho com a venda dos doces para ajudar em casa. “Meus pais tinham medo. Porque realmente faz medo. Uma mulher sozinha vendendo pelas ruas da cidade. Realmente é muito perigoso, principalmente sendo mulher. Tem casos que algumas pessoas dão em cima, mas eu sempre sei cortar na hora e levar para o lado do atendimento, da venda em si”, destacou.
Além das trufas a família trabalha na confecção de brigadeiros, mini trufas e também nesse período de Páscoa com ovos de chocolate, trufados, de colher e o tradicional. Hoje são cerca de 12 sabores de trufas, brigadeiro, ninho, beijinho, limão, maracujá, entre outros tantos. A confecção requer muito tempo e dedicação, porque além de fazer para o consumidor final, elas trabalham para revenda. “Como meu pai trabalha durante o dia na fábrica, eu também estou trabalhando, minha mãe faz as trufas, entrega e a noite a gente se une para ajeitar o restante. Quem faz mais é minha mãe, meu pai ajuda a embalar, e eu, nas vendas. Pode-se dizer que são quase 24h de dedicação. Em média das 20 trufas por semana, a produção chega em média a mil produtos, dependendo da demanda. A dedicação também já rendeu uma premiação para a família empreendedora. Eles conquistaram uma certificação popular de “Melhores do Ano”, numa escolha bem tradicional na cidade. “Foi na categoria doceria. Inscreveram a gente. Começaram a votar e compartilhar mais e mais gente começou a votar e ganhamos. Tudo isso de forma espontânea das pessoas. A gente só chegou a ter essa visibilidade por conta dos nossos clientes, a quem somos gratos”, contou, agradecida.
Nesse vai e vem de um local para outro muitas são as histórias e amizades que Taynara vai colecionando. Uma dessas foi numa festa do cantor João Gomes. Um rapaz comprou todas as trufas, fez um pix, pegou poucas unidades e deu o restante para ela vender novamente. “Sou muito grata a Deus por ter me dado força de coragem de seguir em frente, de começar e somos gratas também a todos os clientes que a gente tem”, complementou.
Serviço
AT Doceria
Instagram: @at.trufas.doceria
WhatsApp: (88).98813-5868
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