Seria demasiada ingenuidade considerar que o móvel principal da Guerra de Troia foi o rapto da volúvel Helena, infiel mulher do valoroso Menelau de Esparta. Sabemos que Agamênon tinha fortes interesses imperialistas no domínio e destruição da bela fortaleza de Príamo. Heri ut hodie, ontem como hoje “nobres ideais” sempre justificaram todas as revoluções e os motivos da suja política. Quantos crimes foram cometidos pelos gregos sob o tolo pretexto de vingar a honra de um pobre marido traído por uma inescrupulosa femina fatalis!
Abundam as atrocidades de todo tipo na conhecida guerra que os ardilosos gregos venceram desonestamente. Um dos mais criminosos foi o próprio comandante supremo do exército heleno, Agamênon. Numerosos foram os seus Crimina. Certamente o pior foi o assassinato da própria filha, Ifigênia, sacrificada por uma tola promessa feita aos deuses. O poeta romano Lucrécio escreveu no I século aC: Tantum religio possit suadere malorum (tantos males a religião pode persuadir). A inspiração foi o crime de Agamênon.
Mas o grande Res Regum (Rei dos reis), assim o chama Ausonius num epitáfio (ao nosso ver despropositadamente), venceu a guerra e voltou triunfante para casa. Todavia o seu lar era também um antro de imoralidade. Sua pérfida esposa o traía enquanto ele lutava pelos gregos. O amante, o inescrupuloso Egisto. As barbaridades nefastas ainda aumentam. Clitemnestra, a esposa infiel, mancomunada com Egisto, mata Agamênon. Assim termina a “gloriosa” trajetória desse “herói” grego.
Proclamavam os romanos: Abyssus abyssum invocat. (O abismo chama outro abismo). Verus est. O filho de Agamênon com Clitemnestra, irmão da imolada Ifigênia, chamava-se Orestes. Para completar a abominável série de crimes, este vinga a morte do pai matando o amante da mãe, Egisto, e com a mesma espada mata impiedosamente a própria genitora! Então passa a peregrinar sobre a terra perseguido pelas Eríneas, as deusas da vingança. Orestes dirige-se finalmente ao templo de Apolo a fim de encontrar algum refrigério para seus tormentos interiores.
Finalmente, todos os deuses se reúnem para julgar o caso. A maioria, “sábio” princípio da Democracia, deve decidir. Mas, pasmem, há um empate. Então, pasmem mais ainda, surge o voto da deusa da sabedoria, Minerva, para finalizar a questão. Essa é a origem do famoso “voto de Minerva”. A deusa julga então inocente o réu!
Avalie, caro leitor, as implicações contidas neste relato. A Democracia e a própria Sapientiae Dea, Deusa da Sabedoria, absolveram um sanguinário matricida! Eu poderia citar aqui, mas não seria politicamente correto, muitas outras “sábias” decisões democráticas…
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