Anna Sâmyla Pinto Bessa (Acadêmica de Psicologia da Faculdade São Francisco do Ceará – FASC)
A acessibilidade é fator primordial para o avanço de uma sociedade justa e equânime. É fundamental, nessa ótica, a criação de leis que fomentem a prática de inclusão social. Entretanto, no Brasil, em que há uma vasta base legal, a criação de leis inclusivas não é sinônimo para a sua aplicação. Um reflexo disso está na infraestrutura e no preconceito contra pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida.
A infraestrutura do país não é comportável e adaptada para todos, principalmente a população mais carente. Ao visitar diferentes cidades é fácil notar os desfalques nas ruas, em vias e espaços públicos, além da falta de equipamentos que auxiliem na locomoção e promoção de autonomia de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. De acordo uma publicação do G1, dados do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 2020 – apontam que 22,3% dos prédios das prefeituras têm apenas um tipo de estrutura voltada para deficientes, estrutura que vai desde uma equipe preparada até um banheiro adaptado. Essa carência é ainda mais escancarada em cidades interioranas e nas comunidades carentes localizadas nas grandes metrópoles.
Ademais, no que se refere a fatores arquitetônicos e urbanísticos, temos uma barreira ainda maior, a intolerância. Em concordância a isso, uma pesquisa realizada pelo IPOPE – Instituto Paulista de Opinião e Pesquisa afirma que mais da metade (52%) dessa parcela PcD não trabalha atualmente e somente 31% são empregados com carteira assinada. Ou seja, uma sociedade que não dá oportunidades de emprego, é também uma sociedade intolerante, sem preparação e muito menos inclusiva nesse e em todos os outros setores.
Segundo Ariel Gonçalves, psicóloga, mestre em Psicologia e professora da FASC – Faculdade São Francisco do Ceará, “A falta de acessibilidade escancara ainda uma problemática estrutural enraizada em nossa cultura: o preconceito, pois uma sociedade que não está preparada para incluir, para tornar acessível a todos aquilo o que dispõe, é uma sociedade que segrega, exclui, vulnerabiliza e desampara seus cidadãos”. Desse modo, é indispensável superar os preconceitos, estereótipos e atitudes discriminatórias em relação às pessoas com deficiência.
Por fim, é necessária a conscientização da população e a capacitação de profissionais do atendimento público e representantes políticos. É com a participação da sociedade civil, principalmente a fração que representa essa minoria, que se promove a inclusão em discussões que são decisivas para a criação de políticas públicas relacionadas à acessibilidade, assim contribuindo para a formulação de propostas e soluções concretas.
* Texto produzido na disciplina de Leitura e Produção Textual, ministrada pelo professor José Roberto Duarte, da FASC
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