Isadora Alves Vieira de Carvalho: um caso fatal de leishmaniose visceral

19/08/2023

Por Milena Dias, estudante de Medicina Veterinária na cidade de Iguatu

Isadora Alves Vieira de Carvalho tinha 25 anos quando teve sua vida interrompida por uma doença muitas vezes silenciosa e de difícil diagnóstico. Natural de Barbalha-CE, era extremamente apaixonada pela vida, dedicada, trabalhadora e corria atrás dos seus sonhos para que pudesse proporcionar uma vida melhor para seus pais. No dia 9 de junho de 2023, após sentir fortes dores, foi levada ao Hospital Regional de Barbalha, onde o médico solicitou o exame físico para suspeita de leishmaniose e infelizmente foi constatado o diagnóstico. No dia 11 de junho, apenas dois dias após a confirmação do diagnóstico, Isadora faleceu.

Popularmente conhecida como “calazar”, a leishmaniose visceral humana é transmitida pela picada do flebotomíneo, conhecido como mosquito-palha. Já a fêmea do inseto é hematófaga, se alimenta de sangue e infecciona principalmente cães. É importante deixar claro que a transmissão não ocorre de um humano para outro ou de um animal para outro, ou até de um animal para um humano e vise versa, é preciso de um vetor para que a transmissão aconteça, que no caso é o mosquito. Os principais sintomas em humanos são: febre irregular e prolongada, anemia, indisposição, falta de apetite, dor abdominal, perda de peso e inchaço abdominal devido ao acometimento do fígado e do baço. Já em cães os sintomas apresentados são febre, inapetência (perda de apetite), pode haver vômito e diarreia, crescimento exagerado das unhas, sangramento nasal, afeta os principais órgãos (fígado e rins) causando alterações de insuficiência hepática e insuficiência renal. A doença recebe o nome de leishmaniose visceral justamente por alterar e atacar as principais vísceras dos acometidos.

Embora o caso de Isadora pareça ser uma realidade distante da qual vivemos, ele está mais próximo do que imaginamos. Apesar de ser fato público e notório que a cidade de Iguatu vive uma epidemia de leishmaniose onde várias pessoas perderam seus pets para a doença, a informação recebida até o momento desta matéria é que o município não registra tais dados, e se registra, não repassa ao estado, pois essa foi a informação obtida de um agente da vigilância sanitária estadual. Não se veem orientações, informações e principalmente prevenções sobre o contágio da doença por parte das autoridades e vigilância sanitária da cidade, assim dando a entender que não querem que a população saiba da extrema gravidade do problema.

Isadora era arquiteta e urbanista pós-graduada em paisagismo e iluminação

Uma das medidas de prevenção que deveria estar sendo colocada em prática pelos órgãos “competentes” da cidade inclui o controle populacional de cães por meio de castração. Em Iguatu não existem realmente políticas públicas para que isso venha a ser colocado em prática, e muito menos cobrança e conscientização da população a respeito de tamanho descaso. Em março de 2023 o deputado estadual Célio Studart anunciou o envio de recursos para um castramóvel em Iguatu, mas até então não se sabe o paradeiro deste recurso que já havia sido enviado aos cofres municipais.

Abaixo flagrantes de animais em situação de rua em Iguatu.

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