Por Antonio Milton L. de Oliveira*

O dia 07 de setembro é uma data importante para a história brasileira, pois se considera um momento de efetivação da “Independência” da nossa Nação. Mas será que o Brasil, a partir dessa data, tornou-se uma nação independente? Todos nós sabemos que essa data transforma o Brasil em um Estado, no ano de 1824, com a 1ª Constituição brasileira, nos tirando da condição de Colônia e passando a constituir um Estado, embora em uma condição de autoritarismo, ratificado por uma Constituição Outorgada. Esse Estado formado determinava os interesses plenos de uma elite agrária, que por não aceitar os ditames portugueses, achou por bem construir um governo onde haveria uma liberdade política por parte de grupos de fazendeiros brasileiros, desejosos com a continuidade dos seus interesses.

A independência brasileira foi o resultado dos desgastes das relações da elite portuguesa com a elite brasileira, no começo do século XIX. O processo de rompimento entre Brasil e Portugal foi uma consequência direta da transferência da Corte Portuguesa para o Rio de Janeiro, em 1808, devido às tropas napoleônicas terem invadido Portugal em 1807, forçando-os a uma transferência à sua Colônia mais próxima, que no caso seria o Brasil.

1. Pedro estava em viagem a São Paulo e durante o seu trajeto recebeu notícias que a Corte Portuguesa exigia o seu retorno a Portugal e assim, com o apoio das elites brasileiras, consumou o “processo de independência”, que segundo a historiografia brasileira se deu às margens do Riacho Ipiranga, quando o regente D. Pedro declarou que o Brasil não estaria mais submisso às ordens de Portugal, rompendo ali a sua ligação direta entre Brasil e Portugal, movimento esse que ficou conhecido como o “Grito do Ipiranga”. A partir daquele momento o Brasil se transformaria em um “Estado independente”, mas a maioria do povo continuaria submisso às determinações elitistas brasileiras, permitindo que a política mandonista continuasse, não mais articulada por Portugal, mas por grupos políticos brasileiros, interessados em permanecerem mandando e hostilizando a maioria da população. O Brasil de hoje é um reflexo de todo o processo autoritário que se consumou com o rompimento entre Portugal e Brasil, impedindo que qualquer ideia democrática fosse implantada nesse novo Estado que estaria a ser criado, com a Constituição de 1824, primeira do Brasil.

O processo de independência não foi entendido pela maioria, daí estarmos sofrendo com os desmandos de alguns governistas, que na atualidade tentam a todo custo mostrar que a “independência brasileira” se consumou a partir do Grito de D. Pedro (se é que realmente aconteceu), que sabemos não ter ocorrido dessa forma, eis a razão para que o processo de complexidade em que vive a política brasileira, denotar toda essa situação de dificuldades e desrespeito aos habitantes da “terra brazilis”. Que o povo reflita sobre todo esse processo e com bastante criticidade, para que possa entender a importância de um povo se tornar livre das amarras de ideais retrógrados e que muitos políticos brasileiros os utilizam, para alienar cada vez mais a população, quanto a esse movimento que historicamente colocou o Brasil em uma condição de “Nação Independente”. Viva o povo brasileiro! Avante Brasil!

*Pedagogo, Especialista em História e Sociologia, Especialista em Docência do Ensino Superior e Coordenador do Polo EAD/UFCA- Iguatu.