Ventos fortes, vegetação seca e fogo. Fatores que não combinam e que têm provocado nos últimos meses preocupação por parte da corporação do Bombeiros em Iguatu. De acordo com dados divulgados pelo 4º Batalhão de Bombeiro Militar, de junho até a primeira quinzena deste mês, já foram registrados 150 incêndios em vegetação, atingindo mata nativa e pasto.
Outra preocupação do comando local é com a escassez hídrica que assola a região nos últimos anos. O açude Trussu está com menos de 2% da capacidade, em média em cada combate aos incêndios são utilizados cerca de 8 mil litros de água. Além desses fatores, cerca de 90% dos incêndios são provocados por ação humana, na maioria das vezes de forma intencional.
De acordo com tenente coronel Nijair Araújo, nos últimos dias têm se intensificado os incêndios e muitas vezes ao mesmo tempo em pontos diferentes. Semana passada, foi registrado incêndio na lagoa do Cocobó, no aeroporto, no bairro Varjota. “Estivemos reunidos com o comando geral em Fortaleza semana passada. A determinação foi que todas os quartéis aumentem em efetivo de homens para ficar de plantão por conta dessas constantes ocorrências. Seria bom que não fosse assim, as pessoas se conscientizam e não tocassem fogo em vegetações”, esclareceu o comandante, alertando e pedindo apoio à imprensa para divulgar e criar campanhas que orientem as pessoas sobre os riscos que uma queimada fora de controle pode se tornar um incêndio de grandes proporções.
Moradores do bairro Cocobó ainda não se recuperaram do susto e transtornos provocados por um incêndio no capim na lagoa que fica na comunidade. “Aqui foi um sufoco grande. O foco se alastrou ligeiro. A gente só não sabe de onde começou, quando vimos era fogo e fumaça invadindo tudo. Prejudicou até poste da rede de alta estação de energia e da internet”, disse o aposentado João Filho, morador do bairro.
A dona de casa Gorete de Araújo reclama também do serviço de casa que aumentou depois do incêndio. “Eu e meu neto terminamos de limpar a casa às 5h da manhã. Ainda hoje a gente tem que limpar todo dia, quando dá uma ventania traz cinza pra dentro de casa. Aqui não é forrado. Ficou tudo preto. Todo ano tocam fogo nessa lagoa. Não sei por quê”.
A reclamação parte de mais moradores. De acordo com a professora aposentada Lucinha Souza, além da vegetação e capim que cresce de forma natural, muitas pessoas jogam lixo e entulho na área da lagoa e muitas vezes ateiam até fogo. “Isso é maldade, é crime. A gente tem medo porque o fogo é tão alto e o vento forte traz até faíscas pra perto das casas. Deus nos defenda que atinja uma casa dessas. Vai embora o bairro todo. Tem muitos idosos, pessoas que têm dificuldade de se locomover e crianças. Tenho um neto que tem sinusite e rinite. Isso afeta a saúde dele. Pra gente é ruim respirar essa fumaça com essa fuligem. É muito perigoso”, reclama.
Crime
Além de incêndio em vegetação, são comumente registrados focos às margens de rodovias, terrenos baldios e monturos. “Na última segunda feira, 12, estivemos reunidos, todos os comandantes dos batalhões do interior, capital e regiões metropolitanas, no comando geral do Corpo de Bombeiros Militar em Fortaleza, onde foi decidido incrementar o número de bombeiros das guarnições, para combater os focos de incêndios em vegetação. Aqui em Iguatu, por exemplo, pela primeira vez, foi criada uma guarnição específica só para esse tipo de atuação. São mais três bombeiros que trabalham no combate a esse tipo de ocorrência”, disse o comandante Nijair Araújo, ressaltando que é preciso o apoio da população, das organizações de classe, igrejas, sociedade de um modo em geral e a imprensa se unirem em uma campanha geral contra esses incêndios que destroem a fauna e flora, sem esquecer do risco de atingir residências. Além de ser crime atear fogo em vegetação sem a devida autorização.
Em caso de qualquer início de fogo em vegetação, a orientação é ligar imediatamente para o número 193.
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