O poema em dísticos decassílabos que se lerá infra transcrito foi inspirado por um real crepúsculo nesta cidade. Eventualmente eu caminhava, à hora vespertina, pela praça da Matriz. Ouvi então o ruidoso canto dos pardais e me vieram os dois primeiros versos verbatim. É um poema simbolista, fortemente vinculado à minha formação católica. Triste, melancólico, porque todo poeta deve padecer de indizíveis nostalgias…
Antífona
“Ô vous, toute lumière”
Verlaine
No entardecer, a hora dos pardais,
Algo sempre nos lembra o Nunca Mais!
O fim do dia… o fim de tantos passos…
No altar os anjos têm os olhos lassos;
Pesa a carne qual tampa tumular.
Tristis Avis! Quando a alma há de voar…?
Na morte repousaram Nossas Vestes;
Senhor, que fado obscuro vós nos destes!
A Virgem tem os olhos lacrimosos;
Sangra o poente pelos desditosos…
Quantos sinos ainda hão de dobrar…?
Logo virá a Hóstia do Luar.
Professor Doutor Everton Alencar
Professor de Latim da Universidade Estadual do Ceará (UECE-FECLI)
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