“A gente vem porque é uma devoção que a gente tem. Aqui a gente lembra do pessoal da gente que estão enterrados, reza um Pai Nosso, acende umas velas e sai satisfeito”, contou o agricultor Aluísio Lima, 81, que costuma visitar o cemitério no feriado de Finados. Este ano, na quinta-feira, 2, seguiu mais uma vez o ritual. Sentado na sombra de uma sepultura, diante do túmulo de seus parentes já falecidos pelejando para acender as velas, mas uma leve brisa não deixava.
E sentado por ali, contou que naquele local, do cemitério Senhora Sant’Ana, estão enterradas muitas pessoas queridas. “A gente recorda muitas coisas de quando eram vivos. Aqui tem três irmãos, meu, pai, tios, primos, minha esposa, que faleceu em 1995, com 48 anos. Tivemos nove filhos. Passei 6 anos viúvo, depois casei novamente com a atual companheira que já faz 20 anos”, disse o valente agricultor que aos 81 anos de vida mostra vitalidade e disposição.
Pelos cemitérios de Iguatu, o Senhora Sant’Ana e o Parque da Saudade se ouvem muitas histórias, recordações, famílias em volta dos jazigos, diante das sepulturas rezam pela alma dos que já partiram.
A manicure Janaína Gouveia e a filha Maria Júlia trouxeram uma boneca e colocaram na sepultura de Maria Augusta, uma das mais visitadas ao longo dia. “Minha professora contou a história dela pra gente. Eu combinei com minha mãe pra gente trazer uma boneca. Deu certo. Eu vou ganhar um livro que conta a história dela”, disse a estudante Maria Júlia Gouveia. A mãe dela disse que já tinha ido no cemitério. “A gente já tinha vindo aqui outras vezes. Muito triste a história de menina, que mesmo diante de tanta ameaça e do pai dela, não se entregou. Morreu com toda sua pureza”, acrescentou Janaína.
Oração e esperança
O vigário geral da Matriz de Senhora Sant’Ana, padre Ricardo Pompeu contou um pouco durante sua homilia, em uma das missas de que participou, destacando a importância desse dia para a Igreja Católica. “A igreja escolheu esse dia para rezar para os fiéis defuntos, por todos os falecidos, celebrando o mistério Pascal de Jesus, da Sua morte e da Sua ressurreição. É um dia de oração, esperança. É o dia em que as pessoas através das celebrações, rezas, das visitas aos cemitérios agradecem a Deus por terem convivido com seus entes queridos e rezam para que eles estejam junto a Deus”, contou.
Maria Augusta
Um dos túmulos mais visitados é o de Maria Augusta. A jovem foi morta pelo próprio pai que tentou abusá-la, quando ela tinha 12 anos de idade, em junho de 1965. Na sepultura dela as pessoas colocam flores, brinquedos e acendem velas. É considerada uma santa popular em Iguatu.
O céu nublado e um leve sereno ajudaram a amenizar o calor por muitas horas da manhã para quem visitou os cemitérios em Iguatu. A movimentação foi maior logo nas primeiras horas do dia. No final do dia, o fluxo de pessoas aumentou novamente, com visitação até por volta das 22h. Em média passam pelos dois cemitérios neste dia entre 15 a 20 mil pessoas. Além das missas nas paróquias, aconteceram celebrações em lembrança aos finados nas capelas dos dois cemitérios.
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