Talvez sonhasse… talvez tivesse uma visão… Eu ia em viagem; olhava sonolento através da janela do ônibus. Era um começo de manhã nublada e muito triste… Havia uma velha igreja, com grandes escadarias à frente e um cemitério ao lado e por trás dela. Branca, mas de um branco fosco, envelhecido e dolente… Essa parte que descrevo foi totalmente real. Depois veio a Visão… ou o sonho… Com os olhos da alma depois escrevi estes versos…
O enterro
“Que parece que llamam por los muertos…”
Rosália de Castro
Por quem chorava aquela manhã,
Entre as tumbas de musgo cobertas?
Por quem chorava aquela manhã?
Cinco sombras caminhando incertas…
Quatro homens vestidos de Passado
E uma jovem pálida e distante
Com rosto de avelã,
Um caixão levavam, ignorado…
E eu os via com uma dor sem fundo;
Era a visão de quem nada vê.
Não sabia o porquê,
Mas eles eram o fim do meu mundo!
Iam mudos, com altos chapéus;
Capas pretas, passo sonolento;
De que culpa eram réus?
Por que tão triste silvava o vento?
Quando todos passaram por mim,
Ela parou. Na minh’alma olhou;
Só ela parou.
“Oh! Quem vós levais a enterrar?
“Oh! Quem vós levais a enterrar?”
A Visão terminou.
Minha voz silenciou-se no ar!
Professor Doutor Everton Alencar
Professor de Latim da Universidade Estadual do Ceará (UECE-FECLI)
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