A previsão é que Ricardo Santos, o Cangaceiro Maratonista, chegue a São Paulo neste final de semana. Ele se prepara para participar da sua 20ª corrida internacional de São Silvestre, que acontece no próximo dia 31, domingo. A viagem é de ônibus, em média dura três dias. O Cangaceiro Maratonista é uma figura bem conhecida na competição. “Eu gosto de ir cedo, porque fico fazendo ‘munganga’ com o pessoal nas entregas dos kits. O pessoal da organização da corrida acha bom, tiro muitas fotos. As pessoas me recebem com muito carinho”, disse o atleta que adotou o personagem há 23 anos.
A expectativa para a corrida de 15 km que chega a 98 edições é grande, segundo Ricardo. Nesse tempo deixou de ir para a competição por conta da pandemia da Covid-19 e ano passado quando passou por uma cirurgia de hérnia. “Tinha que me recuperar bem, mas minha vontade era de ir, mas primeiro lugar a saúde. Mas, graças a Deus estou bem e vamos fazer mais uma vez a corrida. Vou fechar este ano com 25 medalhas em corridas e fechar com chave de ouro na São Silvestre”, destacou.
Difícil, mas gratificante
Mas a sua ida não é fácil, sempre vai com ajuda dos amigos, parceiros de corridas, e até mesmo desconhecidos e empresas de amigos que doaram algum valor para o cangaceiro. “Eu não tenho condições de me bancar. Eu peço mesmo, não tenho vergonha. Vou com ajuda dos amigos, e até que não conhece me dá uma forcinha. Graças a Deus que a inscrição já tinha feito, paguei duzentos e quarenta. A luta depois foi fazer dinheiro para o custeio da viagem. As pessoas me ajudam com qualquer valor. Eu sou grato demais. Eu sou corredor, gosto demais do esporte e corro mesmo pra valer. É pesado, cansativo com essa roupa, mas é gratificante”, pontuou.
Ricardo corre com uma roupa que lembra um cangaceiro, além de levar dois cintos nos peitos como se fossem cartucheiras de couro; na cintura, cabaças, uma caneca e uma réplica de garrucha. Além do grande chapéu de couro. “Antes eu corria com sandálias de couro, mas uma médica da São Silvestre me orientou a correr de tênis, por minha segurança e questão de saúde, e vem dado certo. Consigo fazer todo o percurso. É demorado por conta da roupa. Chego na reta final da corrida pesando mais de sete quilos”.
Este ano completa 23 anos que Ricardo criou o personagem e será a 20ª participação do cangaceiro na Corrida de São Silvestre.
O começo
Francisco Ricardo Fernandes Santos, o Cangaceiro Maratonista, é natural de Iguatu, criou a fantasia pelo gosto de participar das provas de atletismo, após sugestão da mãe dele, por ter descendência de cangaceiro por parte do bisavô. “Comecei a correr de macacão com estampa de personalidades cearenses, depois conversando com minha mãe, ela deu a ideia de homenagear o cangaceiro e deu tão certo que depois apareci na televisão, programas da Globo e entrevistado por grandes profissionais. E por lá continuam me procurando para contar essa nossa história”, relembrou o atleta que está nas redes sociais com o perfil: @eucangaceiromaratonista.
A corrida
A Fundação Cásper Líbero, cujo prédio fica no número 900 da Paulista, é a detentora dos direitos do evento, do qual o criador foi o jornalista Cásper Líbero, que se inspirou em uma corrida francesa para propor, há 98 anos, a São Silvestre, que é o santo do último dia do ano. A prova acontecia na noite de 31 de dezembro até 1988. Em 1989, passou a ser realizada à tarde. Desde 2012 ocorre no período da manhã. E desde 1991 o percurso da São Silvestre tem 15 km. A corrida começa às 7h25, com a largada da categoria Cadeirantes. Logo na sequência, às 7h40 larga a Elite Feminina. A última saída acontece às 8h05, com Elite Masculina, Pelotão C, Cadeirantes com Guia e Pelotão Geral. A prova que fecha o calendário anual de competições da Confederação Brasileira de Atletismo. As pessoas podem seguir Ricardo pelas redes sociais e até ajudar na sua estadia por lá. Tem ainda o retorno. “Meu objetivo é chegar em São Paulo para participar da 20ª corrida São Silvestre na minha vida”, ressaltou.
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