É no sítio Cantinho da Barra, na zona rural de Iguatu, onde encontramos o aposentado José Izaquiel Rodrigues, “seu Zai”, como é conhecido, pela arte de brincar com bonecos de mamulengo ou Casimiro Coco. Há cerca de 14 anos deixou de brincar efetivamente com os bonecos, por problemas de saúde, mas quando dá vontade ou está com a família reunida, os bonecos são retirados da mala para curtas brincadeiras.
“Eu acho bom. Deixei de brincar faz tempo, mas quando a gente coloca os bonecos para brincar o povo gostava. Se eu colocasse ainda hoje, com certeza, tinha muita gente que ia assistir. É uma brincadeira sadia, engraçada”, contou seu Zai, mestre bonequeiro, para outros artistas.
Os bonecos, personagens foram confeccionados pelo próprio Zai. É tecido e madeira macia, leve, fácil de ser manuseada. Já as falas chegam no improviso. “O que a gente fala é na hora, é igual repentista, vai no improviso, no momento da brincadeira. As pessoas gostam. Tem algumas histórias que a gente conta, mas a conversa é mais no improviso. A gente mexe com um, mexe com outro e assim a gente faz a brincadeira”, ressaltou Zai.
O cenário utilizado era apenas uma ‘empanada’ montada, onde por trás da cortina seu Zai se transforma no manipulador de bonecos. Raramente ele brinca, atualmente, mas até mesmo interpretando as falas consegue facilmente arrancar sorriso das pessoas.
Seu Zai, que é natural do Crato, aprendeu a botar boneco assistindo a outros manipuladores. Aprendeu as falas, os personagens e até mesmo fazer os bonecos. Alguns até já vendidos, outros ele guarda em casa. “Comecei a brincar, deu certo a brincadeira. Falo como criança, como velho, velha, homem, mulher, tem uma alma, o capeta, uma cobra. É igual repentista, a fala sai na hora”, contou.
Personagens
Os bonecos são confeccionados em marmeleiro, madeira leve, fácil de esculpir os bonecos. Entre tantos personagens o boneco mais conhecido é Casimiro Coco, protagonista que está envolvido em diversas histórias. Além dele, outros personagens: Maria Ciforosa, Joana Preta de Caruaru, Soldado Setenta, padre, mãe, noiva, boi, cobra, o capeta de chifre e tudo e até uma alma branca.
A produtora cultural, contadora de histórias Carlê Rodrigues está fazendo um trabalho de pesquisa sobre essa arte. Ela conheceu a arte de Zai através de outro bonequeiro iguatuense, Cleodon de Oliveira, e também através do livro de Ângela Escudeiro, que fez um trabalho no Ceará e outros estados do Nordeste onde essa arte, que ainda permanece viva.
0 comentários