Foi em uma pescaria. Entre um mergulho e outro, enquanto descansava, contemplei por uns instantes a lisa e imensa superfície das águas naquele momento encrespada por um leve vento… era como se o espelho aquático sentisse frio e arrepios.
O sol estava pleno, pois era próximo da hora do meio-dia. Fiquei a olhar e cogitei que aquele vento naquele breve tempo de frágil sopro sempre esteve ali e que estaria sempre, mesmo depois da passagem de todos nós…. Estaria ali puro e solitário, indiferente às nossas dores e alegrias.
Quando voltei da pescaria brotou-me este poema:
FASCINOSUM ET TREMENDUM
Esse vento que brinca sobre as águas
Tão leve e peregrino,
É tão velho e tão jovem! Vai sem mágoas
Cego como o Destino.
Tem invisíveis asas esse vento…
De um anjo o respirar…
Ouve-o com a alma; fica atento.
És tu que irás passar…
Professor Doutor Everton Alencar
Professor de Latim da Universidade Estadual do Ceará (UECE-FECLI)
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