Com a popularização da gastronomia em sites e programas de TV, cada vez mais pessoas cultivam o hábito de cozinhar e arriscar servir refeições elaboradas. A prova foi a grande procura de clientes nos dias 27 e 28 pelo restaurante Vila da Telha Gastrobar, que teve sua cozinha liderada pelo chef Élcio Nagano. Quem foi ao empreendimento gastronômico da cidade que celebrou na ocasião quatro anos, provou do Menu Harmônico que somou pratos orientais com ingredientes regionais.
Élcio Nagano virou o centro das atenções por ter provocado nos presentes as sensações únicas que um bom prato pode proporcionar. Apesar da descendência oriental, o chef é natural do estado do Paraná, mas já reside no Ceará há 20 anos, lugar que o abraçou e faz parte de sua vida como pesquisador, professor gastronômico e personal chef.
Apesar de haver por parte de muitos a busca de se permitir a novas experiências culinárias, tal possibilidade só era possível em polos econômicos mais estabelecidos, como na capital Fortaleza. Mas, conforme o chef, o quadro tem se modificado. “Considero Iguatu como uma cidade contemporânea nesse seguimento. E percebo que há um mercado a ser explorado e com grandes possibilidades”, disse. “O polo consumidor do interior do estado também exige muito conhecimento dos gastrônomos, pois existem consumidores muito bem informados. Acredito que por isso fui chamado para aqui”.
Menu
Em sua breve passagem por Iguatu, o chef fez uma mistura de técnicas ocidentais, asiáticas e gastronomia molecular. O primeiro impacto foi da casquinha de pizza com espuma de parmesão que permitiu os clientes ativarem as papilas gustativas. O menu passeou ainda por ceviche com caviar de coentro a base de nitrogênio líquido que causa surpresa na apresentação. A mistura do regional teve o DNA tailandês, com composição de um molho de camarão feito com melão e maracujá, receita essa apresentada em vários festivais do país. O cardápio foi finalizado com entrecôte cozido no sous vide, a 59º C, dando uma macies e ponto perfeito da parte nobre do contrafilé, acompanhado com purê de mandioca. Já para sobremesa foi proposta uma brincadeira com manga em três texturas e browne. Os pratos servidos no restaurante iguatuense foram harmonizados também pela sommelier Leiliane Pinheiro.
Ceará à Mesa
A gastronomia, assim como a cultura e o artesanato, tem como papel tornar a experiência de que a usufrui a mais completa e enriquecedora. Munido de dados concretos sobre o potencial da nossa culinária, Élcio encabeçou com uma rede de parceiros uma pesquisa que visa a fomentar a gastronomia local como patrimônio imaterial do estado. O projeto Ceará à Mesa visa a identificar doze insumos regionais para formação de uma cultura de base gastronômica e focada na sustentabilidade. “Acreditamos que o Ceará pode conquistar, por meio da valorização dos seus sabores e saberes locais, uma nova identidade, uma nova autoestima e uma nova projeção nacional e internacional. Não queremos acabar com baião de dois ou a paçoca. Precisamos educar, capacitar e formar profissionais a nível médio e superior para pesquisar, desenvolver e aprimorar os métodos e processos para qualificação dos insumos regionais e preparo dos pratos. Está dado o primeiro passo. Muitos outros virão”, afirmou o também professor de gastronomia da UNIFANOR.
Nagano é o sexto chef de renome trazido à cidade através do empreendimento do casal de empresários Reinaldo Koury e Cália Carvalho. Ambos se consideram apaixonados pela cozinha oriental. “De alguma maneira colaboramos com a ampliação gastronômica da cidade. Quando começamos no Iguatu só existia um sushiman, hoje há dezenas. Esse é nosso legado”, resumiu Reinaldo, que planeja fazer pós-graduação em gastronomia.
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