O que significa “No frigir dos ovos”?

11/05/2024

Colaboração do leitor Augusto César de Lima Santos (Crato-CE)

 

‘Não é à toa que os estrangeiros acham nossa língua muito difícil!

Como a língua portuguesa é rica em expressões!

Veja o quanto o vocabulário “alimentar” está presente nas nossas metáforas do dia-a-dia. Aí vai!

Pergunta:

– Alguém sabe me explicar, num português claro e direto, sem figuras de linguagem, o que quer dizer a expressão “no frigir dos ovos”?

Resposta:

– Quando comecei, pensava que escrever sobre comida seria sopa no mel, mamão com açúcar.

Só que depois de um certo tempo dá crepe, você percebe que comeu gato por lebre e acaba ficando com uma batata quente nas mãos.

Como rapadura é doce mas não é mole, nem sempre você tem ideias.

Pra descascar esse abacaxi, só metendo a mão na massa. E não adianta chorar as pitangas ou, simplesmente, mandar tudo às favas.

Já que é pelo estômago que se conquista o leitor, o negócio é ir comendo o mingau pelas beiradas, cozinhando em banho-maria, porque é de grão em grão que a galinha enche o papo.

Contudo, é preciso tomar cuidado para não azedar, passar do ponto, encher linguiça demais.

Além disso, deve-se ter consciência de que é necessário comer o pão que o diabo amassou, para poder vender o seu peixe.

Afinal, não se faz uma boa omelete sem antes quebrar os ovos.

Há quem pense que escrever é como tirar doce da boca de criança e aí, vai com muita sede ao pote.

Mas como o apressado come cru, essa gente acaba falando muita abobrinha. São escritores de meia tigela, trocam alhos por bugalhos e confundem Carolina de Sá Leitão com caçarolinha de assar leitão.

Há também aqueles que são arroz de festa que, com a faca e o queijo nas mãos, se perdem em devaneios (piram na batatinha, viajam na maionese… etc.).

Achando que beleza não põe mesa, pisam no tomate, enfiam o pé na jaca e, no fim, quem paga o pato é o leitor, que sai com cara de quem comeu e não gostou.

O importante é não cuspir no prato em que se come, pois quem lê, não é tudo farinha do mesmo saco.

Diversificar é a melhor receita para engrossar o caldo e oferecer um texto de se comer com os olhos, literalmente.

Por outro lado, se você tiver os olhos maiores que a barriga, o negócio desanda e vira um verdadeiro angu de caroço.

Aí, não adianta chorar sobre o leite derramado, porque ninguém vai colocar uma azeitona na sua empadinha não!

O pepino é só seu e, o máximo que você vai ganhar é uma banana. Afinal, pimenta nos olhos dos outros é refresco.

A carne é fraca, eu sei.

Às vezes dá vontade de largar tudo e ir plantar batatas.

Mas, quem não arrisca não petisca e depois, quando se junta a fome com a vontade de comer, as coisas mudam da água pro vinho.

Se embananar de vez em quando é normal, o importante é não desistir, mesmo quando o caldo entornar.

Puxe a brasa pra sua sardinha, que no frigir dos ovos, a conversa chega na cozinha e fica de se comer rezando.

Daí, com água na boca, é só saborear, porque o que não mata engorda.

Entendeu o que significa “no frigir dos ovos”?”

(Autor desconhecido)

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